Após o feriado de Corpus Christi, comemorado em 19 de junho, a expectativa é que o início da próxima semana seja esvaziado no Congresso Nacional, devido à festa de São João, celebrada em 24 de junho (terça-feira). Na quarta-feira (18), estava previsto acontecer a semanal reunião de líderes das bancadas da Câmara dos Deputados mas o encontro foi cancelado, sem justificativa. Porém, seguem as articulações de parlamentares da oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Além dos encontros com representantes governistas, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), buscará se encontrar com mais frequência com esses congressistas. A informação foi divulgada pelo líder da oposição na Câmara, deputado Luciano Zucco (PL-RS), em conversa com a imprensa logo após um café da manhã entre Motta e 21 congressistas da oposição na última terça-feira (17).
Zucco confirmou que o encontro entre Motta e parlamentares da oposição deve ocorrer semanalmente para discutir as pautas da oposição. “Espero que esse diálogo com o presidente Hugo Motta permaneça”, disse o líder da oposição. No encontro, com Motta, foram discutidas as principais pautas de interesse da oposição.
CPMI
Dentre as pautas consideradas urgentes pelos congressistas da oposição, está a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigará o esquema de desvios irregulares de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Ao final da sessão conjunta do Congresso para definir sobre a derrubada ou manutenção de vetos presidenciais, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), leu o requerimento que solicita a abertura dos trabalhos da comissão e, consequentemente, autorizou o início dos trabalhos.
Os partidos precisam escolher seus representantes que irão compor os 15 deputados federais e 15 senadores titulares do colegiado (e mesmo número de suplentes). Apesar dos nomes ainda não terem sido confirmados, articula-se que o senador Omar Aziz (PSD-AM) seja o presidente da comissão – ele foi indicado pelo próprio Alcolumbre. O governo cogitou emplacar a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) para ser a relatora do caso. Contudo, Hugo Motta manifestou que pretende selecionar um parlamentar de perfil neutro para relatar a CPMI.
O deputado Luciano Zucco, por outro lado, reiterou que a oposição não abrirá mão de ocupar espaço na mesa diretora dos trabalhos da CPMI, ainda mais que a coleta de assinaturas para a abertura do processo começou pela oposição. “Não pode ser uma CPMI chapa branca, ou seja, não pode ser uma CPMI com integrantes governistas, tem que ter deputados e senadores que queiram entender o todo”, defendeu Zucco, em conversa com a imprensa logo após a reunião com Motta.
IOF
Além disso, a oposição ainda conversou com Motta sobre o avanço do Projeto de Decreto Legislativo que susta o recente aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) promovido pelo governo federal (PDL 314/2025). Na segunda-feira (16), a Câmara aprovou a urgência da medida, ou seja, o projeto não precisa mais ser analisado nas comissões e pode ser votado direto no plenário.
Zucco reiterou que a oposição “não permitirá mais nenhuma ação” que implique aumento de impostos por parte do governo”. Os congressistas presentes defenderam que a escalada tributária é inaceitável e representa mais um ataque ao bolso dos trabalhadores e cidadãos comuns.
Eles também trataram da polêmica com o governo envolvendo uma possível trava da liberação de emendas parlamentares. De acordo com a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, caso o Congresso siga no entendimento de suspender as medidas tributárias propostas pelo Executivo, o governo será obrigado a realizar um novo contingenciamento que pode afetar o pagamento de emendas parlamentares.
“A oposição não vê problema nenhum de debater sobre as emendas [parlamentares], mas isso não pode ser tratado como uma ameaça. Por incrível que pareça, hoje, utilizando de maneira correta, as emendas são aquelas que salvam as prefeituras em relação a saúde, segurança, educação. Isso é uma covardia por parte do governo em querer fazer essa cobrança devido à sua incompetência. Por que não trabalharmos no corte de gastos? Das viagens, das diárias, de lei Rouanet”, defendeu Zucco.