Por: Karoline Cavalcante

Petistas e bolsonaristas têm mesmo tamanho, segundo Datafolha

Lula e Bolsonaro dividem 70% da sociedade brasileira | Foto: Reprodução/vídeo

Levantamento divulgado pelo Datafolha mostra que, pela primeira vez na série histórica, o apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se igualou. A mais recente pesquisa do instituto revelou na quarta-feira (18) que, atualmente, 35% dos brasileiros se identificam como bolsonaristas, mesmo percentual dos que se consideram petistas.

O resultado representa tanto o índice mais baixo apresentado pela população petista desde a primeira pesquisa — realizada em dezembro de 2022 — quanto o mais alto avanço entre os que apoiam o ex-presidente. Quando comparados aos dados de abril deste ano, o percentual de pessoas que se alinham ao atual presidente caiu de 39% para 35%, enquanto os favoráveis a Bolsonaro passaram de 31% para 35%.

Vale ressaltar que a vantagem dos petistas sobre os bolsonaristas havia sido mais expressiva no início do ano, com uma diferença de até 10 pontos percentuais, registrada em março de 2023 e março de 2024. Nas demais pesquisas, essa diferença variou entre seis e oito pontos, até chegar ao atual empate técnico.

Divisão

Desde que Lula assumiu o seu terceiro mandato, o instituto questiona os entrevistados sobre sua identificação política, utilizando uma escala de um (bolsonarista) a cinco (petista). As respostas “um” ou “dois foram categorizadas como os defensores do ex-chefe do Executivo, enquanto “quatro” ou “cinco” indicam apoio ao PT. A pesquisa revelou que, juntos, esses dois grupos polarizados representam agora 70% da população.

Os 30% restantes se dividem entre 20% considerados neutros, aqueles que escolheram a opção “três”; 7% que afirmaram não se identificar com nenhum dos dois lados; e outros 2% que não souberam responder. Esses números se mantiveram estáveis ao longo das nove edições da pesquisa.

O levantamento entrevistou 2.004 pessoas em 136 municípios de todas as regiões do Brasil e foi realizado presencialmente nos dias 10 e 11 de junho. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Popularidade

O recuo do núcleo petista coincide com a alta da percepção negativa do governo nas últimas pesquisas de diferentes empresas. Neste meio tempo, o Palácio do Planalto vem enfrentando uma série de adversidades políticas. Nos casos mais recentes, estão as dificuldades de negociar com o Congresso Nacional as alternativas para o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), além da crise do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) — quando aposentados e pensionistas beneficiários tiveram descontos nas folhas de pagamento por mensalidades associativas não autorizadas.

Ao Correio da Manhã, a consultora de Análise Política da BMJ Consultores Associados, Raquel Alves, avaliou que considerando essa trajetória de queda acentuada de popularidade do presidente Lula, um declínio no percentual de brasileiros que se apresentam como petistas já era esperado.

No entanto, destacou que o crescimento do bolsonarismo, nas atuais circunstâncias, é o que merece maior atenção. O ex-presidente está inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o condenou por abuso de poder e uso indevido dos meios de comunicação. Além disso, o político é atualmente réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por supostamente participar de uma tentativa de golpe de Estado, em 2022 — e a pesquisa foi conduzida durante e após os interrogatórios de Bolsonaro na Corte.

Polarização

Para a analista, o primeiro efeito claro dos resultados será uma eleição extremamente polarizada em 2026. Segundo ela, não apenas para o cargo de presidente, “mas também para os governos estaduais e cargos legislativos”.

“Numa visão mais ampliada, os dados reforçam a interpretação de que um cenário de arrefecimento da polarização política no Brasil só deve avançar quando (se) iniciarmos um novo ciclo político no Brasil com novos nomes que substituam Lula e Bolsonaro no imaginário do eleitor”, explicou Raquel Alves.