Por: Rudolfo Lago, Gabriela Gallo e Karoline Cavalcante

Casa Correio da Manhã recebe bancada do Rio

Claudio Magnavita (Correio da Manhã) e Ricardo Bruno (Agenda do Poder) foram os anfitriões | Foto: Foto: Victor Jagger

A repercussão do depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) na tarde de terça-feira (10) foi o principal assunto das rodas de conversa entre os parlamentares da bancada do Rio de Janeiro no Congresso, no coquetel oferecido na Casa Correio da Manhã, em Brasília. Os anfitriões do encontro foram os jornalistas Claudio Magnavita (Correio da Manhã) e Ricardo Bruno (Agenda do Poder).

O tom suave adotado pelo relator da ação penal no STF, ministro Alexandre de Moraes, durante o julgamento surpreendeu os parlamentares. Que comentavam mesmo as brincadeiras ocorridas, como quando Bolsonaro convidou Moraes “para ser seu vice” nas próximas disputas eleitorais, e Moraes rindo respondeu: “Declínio”.

As discussões ocorridas na tarde de terça no Congresso Nacional também foram tema das conversas. O primeiro vice-presidente da Câmara dos Deputados, Altineu Côrtes (PL-RJ), comentava, por exemplo, que iria apresentar uma questão de ordem para obrigar o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), a levar ao plenário o pedido de cassação do mandato da deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP). Na véspera, Motta dissera que não submeteria a questão ao plenário uma vez que a condenação de Zambelli transitara em julgado, por unanimidade na Suprema Corte. Motta recuou e, na noite de terça, informou que levará o caso aos demais parlamentares.

“Era um absurdo que essa decisão fosse tomada sem o posicionamento dos demais deputados”, comentou Altineu, elogiando o reposicionamento de Hugo Motta.

IOF

As discussões sobre as alternativas apresentadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) também foram tema das conversas.

Na avaliação da maioria dos presentes, a solução alternativa que Haddad apresentou no domingo (8) seriam talvez “piores” do que o próprio aumento do IOF. Muitos, então, apostavam que a nova medida provisória (MP), se não sofrer modificações, tende a ser rejeitada pela maioria na Casa.

Na última quinta-feira (9), a declaração de Motta chegou a ser feita neste sentido. Ele disse que o Congresso Nacional não possui qualquer tipo de compromisso firmado para aprovar as modificações propostas pelo governo federal.

Bolsonaro

Mas foi a performance de Jair Bolsonaro o tema mais corrente. Os parlamentares não têm muita dúvida do resultado final do julgamento. Mas chamou a atenção de muitos a forma como os depoimentos ocorreram nos dois dias de testemunhos dos réus.

Parlamentares ligados ao ex-presidente da República comentavam que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, teria amenizado seu depoimento de tal forma que não conseguira comprovar a existência do golpe. “Ele, sim, devia ser preso”, comentava um deles. “Disse na delação que ia provar o golpe, e não provou”.

Direita e esquerda

As diferenças políticas, no entanto, não reduziram a alegria da confraternização. Abraços e risos aconteciam entre parlamentares de esquerda e direita, mostrando que a Casa Correio da Manhã, assim, vivia de fato a representação de uma continuação do Parlamento, no qual os adversários debatem com respeito e amizade.

Da bancada do Rio, confirmaram presença no encontro 30 parlamentares. Desde nomes ligados aos partidos conservadores, como o 1º vice-presidente da Câmara dos Deputados, Altineu Côrtes (PL) e o líder do PP, Dr. Luizinho, até outros de esquerda e aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias.