O 11º Fórum Parlamentar do Brics termina nesta quinta-feira (5) com a assinatura conjunta de um documento final com propostas para combater desafios e promover uma governança global mais sustentável e inclusiva, além de outras propostas para os temas discutidos no Fórum – como desenvolvimento econômico e inteligência artificial.
O lema do Fórum deste ano é “o papel dos parlamentos do BRICS na construção de uma governança mais inclusiva e sustentável”. Nesta quarta-feira (4) ocorreu a abertura oficial do evento, que contou com a presença dos presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado Federal, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e do presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin (PSB). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou na França nesta quarta-feira para cumprir agenda internacional.
O primeiro dia do Brics, nesta terça-feira (3), foi uma espécie de pré Brics, no qual dois grupos paralelos discutiram medidas para combater a desigualdade de gênero entre os países (dentro de diversos temas) e outro grupo para debater questões comerciais e econômicas.
Multilateralismo
Em seu discurso na abertura do evento, Hugo Motta destacou a relevância do encontro entre os parlamentares de mais de 15 países, especialmente em um cenário geopolítico e econômico internacional conturbado. Tantos os congressistas estrangeiros quanto os brasileiros vêm criticando a política monetária protecionista adotada pelo presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump. O que tem gerado guerras tarifárias entre diversos países do globo.
“Enfrentamos atualmente um contexto internacional marcado por tensões geopolíticas, protecionismo e fragilização do multilateralismo. Nesse cenário, a aposta no diálogo, na diplomacia e na renovação das instituições internacionais torna-se ainda mais imperativa”, disse o presidente da Câmara.
Geraldo Alckmin também defendeu o fortalecimento do grupo e o multilateralismo, que é a cooperação entre vários países para alcançar um objetivo comum. “A ampliação do grupo exige mais coesão e efetividade. Os desafios que enfrentamos, da saúde global à transição verde, do avanço tecnológico à segurança internacional, são complexos e interconectados. Nenhum país pode enfrentá-los sozinho. Por isso, o papel dos nossos parlamentos é decisivo”, declarou o presidente em exercício.
Comércio
Os representantes dos países presentes também discutiram diversos temas voltados para economia e comércio, como a criação de um ambiente de negócios com regras justas e transparentes, além do diálogo e a negociação entre os países que compõem o Sul Global. O coordenador do Brics na Câmara dos Deputados, deputado Fausto Pinato (PP-SP), reiterou que os países que compõem o Brics representam 40% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial.
“Somos importantes na produção de alimentos, energia das mais variadas fontes e também de produtos avançados como chips e aviões. Detemos consideráveis reservas de minerais críticos para as tecnologias do futuro. Com essas credenciais, os países do Brics têm todo interesse em que o comércio mundial se realize sobre regras justas, transparentes e previsíveis”, destacou Pinato. “O comércio entres os países do Brics é uma importante avenida a ser explorada, sobretudo para que todos consigamos agregar valor às nossas exportações. Os investimentos também são uma dimensão essencial desse novo intercâmbio”, ele completou.
Saúde
Alcolumbre, por sua vez, enfatizou que os esforços conjuntos também devem visar melhorar as condições de saúde dos países presentes e relembrou da pandemia de covid-19. “A pandemia da covid-19 nos lembrou de que o vírus que mata aqui mata em qualquer lugar do mundo, da mesma forma que as demais doenças infecciosas, o câncer, as doenças cardiovasculares e, infelizmente, a fome", ele destacou.
Na mesma linha da saúde, o representante da Câmara Alta do Parlamento da Índia, Harivansh Narayan Singh, destacou que o grupo precisa dar maior destaque a doenças que tendem a ser negligenciadas por estarem mais presentes na população de baixa renda, como a dengue e a malária. “Sabemos que há doenças tropicais negligenciadas, especialmente em relação a países que são de renda média e baixa”, denunciou o parlamentar indiano.