Por: Karoline Cavalcante

Quaest: governo Lula alcança maior desaprovação, com 57%

Crise do INSS impactou a avaliação de Lula | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Apesar de o governo federal ter anunciado ou iniciado a implementação de um conjunto de medidas amplamente apoiadas pela sociedade — com uma aprovação média de 79% entre os que conhecem as propostas —, o desconhecimento sobre essas iniciativas ainda é significativo. Cerca de 60% da população afirma nunca ter ouvido falar delas. Esses dados são do levantamento divulgado nesta quarta-feira (4) pelo instituto Genial/Quaest, que também revelou que a desaprovação ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atingiu 57%, o maior índice registrado na série histórica da pesquisa. A aprovação, por sua vez, ficou em 40%, enquanto a parcela de indecisos se manteve estável em 3%.

Na avaliação da gestão, 43% dos entrevistados classificam o governo como negativo, enquanto 26% o consideram positivo e 28% o veem como regular. Quando comparado aos dois primeiros mandatos de Lula em (2003 à 2010), 56% consideram o atual governo pior, e 20% acham que é melhor ou igual aos anteriores.

Além disso, 45% dos entrevistados avaliam a gestão atual como pior do que esperavam, o que representa um aumento significativo em relação à última pesquisa, realizada em outubro de 2024. Já 16% a consideram melhor do que esperavam, uma queda considerável em comparação aos 30% registrados anteriormente. A parcela que não percebe mudanças se manteve estável em 36%.

Na comparação com o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), 44% avaliam que o governo Lula é pior, contra 40% que acreditam ser melhor e 13% que consideram igual.

Apesar da percepção de que a economia piorou nos últimos 12 meses ainda ser majoritária (48%), houve uma melhora em relação ao levantamento anterior, divulgado em março, quando esse número chegava a 56%. A percepção de alta nos preços dos alimentos também caiu — de 88% para 79% —, assim como a sensação de aumento no preço dos combustíveis, que recuou de 70% em março para 54% em maio. A avaliação de que as contas de água e luz subiram também teve uma leve queda, passando de 65% para 60%.

Fraudes no INSS

Segundo o diretor do Instituto Quaest, o cientista político Felipe Nunes, a manutenção da alta desaprovação, mesmo diante de alguns sinais positivos, pode ser explicada pelo volume de notícias negativas sobre o governo, que foi mais que o dobro das positivas no período analisado. Entre as notícias negativas mais lembradas espontaneamente estão as fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Quando estimulados sobre o conhecimento a respeito do caso, 82% dos entrevistados afirmaram estar cientes do escândalo, enquanto 18% disseram não saber do caso. Questionados sobre quem consideram o principal responsável pelos desvios de recursos, 31% apontaram o governo Lula, seguido pelo próprio INSS (14%), pelas entidades que fraudaram as assinaturas dos aposentados (8%) e, empatado, o governo Bolsonaro (8%) — este último, inclusive, é apontado pela atual gestão como o responsável pela falta de fiscalização para evitar o os desvios, que tiveram início na época.

Para 52%, a prioridade do governo Lula deveria ser devolver o dinheiro desviado apenas com os recursos que foram bloqueados das entidades investigadas. Em contrapartida, 41% defendem que o objetivo deveria ser devolver o dinheiro roubado dos aposentados, mesmo que tenham de usar recursos públicos. Recentemente, o ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, afirmou que a intenção é finalizar o processo de devolução antes do final de 2025 com recursos do orçamento próprio e só depois ir recompor os cofres públicos com os recursos das associações fraudadoras — isso porque, os bens só poderão ser acessados após decisão judicial, que não há prazo para acontecer.

Neste sentido, a maior parte dos entrevistados (50%) defendeu a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as fraudes do INSS no Legislativo, enquanto 43% avaliam que a investigação da Polícia Federal é suficiente e a oposição só quer desgastar o governo. Um pedido de instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) foi protocolado no Congresso Nacional no dia 12 de maio — a criação do colegiado, no entanto, depende do presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União-AP).

“O escândalo do INSS e as expectativas frustradas sobre o desempenho do governo, começam a afetar não só o governo, mas a imagem do presidente: 48% acreditam que Lula não é bem intencionado e 70% acreditam que ele não cumpre suas promessas de campanha”, explicou Felipe Nunes.

A pesquisa foi conduzida pelo instituto Quaest entre os dias 29 de maio e 1º de junho, ouvindo 2.004 pessoas com 16 anos ou mais em diversas regiões do Brasil. Com uma margem de erro de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, o levantamento apresenta um nível de confiança de 95%. O estudo foi encomendado pela Genial Investimentos.