A Polícia Federal prendeu preventivamente, nesta terça-feira (28), cinco suspeitos de envolvimento no assassinato do advogado Roberto Zampieri, executado a tiros em frente ao seu escritório em Cuiabá (MT), em dezembro de 2023. De acordo com a corporação, o grupo criminoso é acusado de envolvimento em crimes como espionagem e homicídios sob encomenda.
A ação faz parte da sétima fase da Operação Sisamnes — que também investiga um esquema de venda de sentenças em tribunais brasileiros, incluindo o Superior Tribunal de Justiça (STJ) — e ganhou força à medida que foram encontrados indícios de corrupção no celular de Zampieri.
Além das prisões, estão sendo cumpridos quatro mandados de monitoramento eletrônico, entre eles, de Salezia Maria Pereira de Oliveira, e seis de busca e apreensão. As ações estão sendo realizadas nos estados de Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais. Também foram aplicadas medidas cautelares, como recolhimento domiciliar noturno, proibição de contato e restrição de saída do país, com a apreensão dos passaportes dos envolvidos. As diligências foram autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Cristiano Zanin.
O grupo se autodenominava “Comando C4” – ou "Comando de Caça Comunistas, Corruptos e Criminosos". Entre os presos nesta quarta-feira, estão: Aníbal Manoel Laurindo (produtor rural, suposto mandante); Etevaldo Luiz Caçadini (coronel da reserva do Exército, suposto financiador); Antônio Gomes da Silva (suposto atirador); Hedilerson Barbosa (suposto intermediador, responsável pela pistola 9mm usada no crime); Gilberto Louzada da Silva (cujo envolvimento ainda está sendo investigado). As informações foram divulgadas pela TV Globo.
Coronel
Ao Correio da Manhã, o Exército Brasileiro confirmou que o Coronel Caçadini, que se encontra na reserva desde 2002, está preso preventivamente e à disposição da Justiça. O militar está sendo mantido em uma Unidade do Exército na Guarnição de Cuiabá. A denúncia contra Caçadini foi recebida pelo STF em fevereiro de 2024.
“O Exército acompanha as diligências realizadas e, quando instado, atende às demandas de outros órgãos em todos os procedimentos relacionados à Força. Contudo, a Instituição não se manifesta sobre processos conduzidos por outros órgãos”, disse a nota.
Procurada pela reportagem, a defesa do Coronel e de Salezia destacou que, até o momento, não foram encontrados elementos ilícitos nas buscas realizadas na cidade de Belo Horizonte. “Reiteramos nossa confiança nas instituições brasileiras e no trabalho responsável das autoridades competentes, bem como reafirmamos nossa convicção na inocência dos nossos constituídos”, declarou a advogada Sarah Quinetti.
Execução de autoridades
Segundo o portal UOL, a operação teve início a partir de documentos apreendidos na residência de Caçadini no ano passado. Entre os materiais encontrados pela Polícia Federal, foi localizada uma tabela com valores destinados ao monitoramento e execução de autoridades, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal e parlamentares. Os preços variavam de R$ 50 mil a R$ 250 mil, com valores mais altos destinados a membros do Judiciário. Por considerar o preço baixo, a PF suspeita que tais valores indicavam a prática de espionagem.
Também foram encontrados registros internos da organização, detalhando setores operacionais, locação de casas e apartamentos, uso de armamentos e até envolvimento de garotas e garotos de programa, mencionados como “iscas”.
Além disso, foi identificado que o grupo usava uma empresa de segurança privada como fachada para suas atividades criminosas.
Registros obtidos pela PF indicam que figuras como os ministros do STF Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin, além do ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG), estavam sendo monitorados.
Em relação a Pacheco, a PF identificou anotações com a expressão "vigilância armada" em momentos que coincidem com a chegada do parlamentar ao Brasil de suas viagens internacionais.