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CORREIO BASTIDORES | Senado limita propaganda de bets: relator queria ainda mais

Portinho: Senado restringiu propaganda de apostas | Foto: Carlos Moura/Agência Senado

Autor do relatório do projeto — aprovado ontem pelo Senado — que limita a publicidade das bets, Carlos Portinho (PL-RJ), diz que gostaria de medidas mais radicais, como a proibição total de anúncios de apostas.

Afirma, porém, que precisava levar em conta posições divergentes, como as de clubes de futebol, e também a liberdade do mercado.

Em nota, diversos clubes da Série A, ressaltaram que a aprovação da medida "representaria o colapso financeiro de todo o ecossistema do esporte e, em especial, do futebol brasileiro". Segundo o documento, o esporte perderia cerca de R$1,6 bilhão por ano.

 

Protestos

Portinho frisou que, assim que divulgou a nota, a conta do Flamengo no X foi inundada por posts favoráveis à proibição da publicidade das bets. Entre os outros clubes que assinaram o documento estão Botafogo, Palmeiras, São Paulo, Grêmio e Fluminense.

Limites

A proposta do senador Styvenson Valentim (Podemos-RN) proibia qualquer publicidade das bets. Portinho estabeleceu horários para a propaganda: em TVs e internet, entre 19h30 e 24h. Comerciais só serão admitidos antes e depois de transmissões de jogos ao vivo.

Nos estádios

O projeto, que seguirá para a Câmara, cria restrições à exibição de marcas de bets em estádios: só haverá anúncios de patrocinadores dos times que estiverem em campo e de casas de apostas que tenham comprado o direito de batizar arenas ou competições.

Dependência

Apenas jogadores com mais de 18 anos poderão usar uniformes com marcas de bets. O projeto impede uso de desenhos animados e de pessoas nos comerciais. A publicidade terá que trazer a frase: "Apostas causam dependência e prejuízo a você e à sua família". 

Afrontas a Marina preocupam até bancada do agro

Marina Silva decidiu abandonar a sessão | Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Até mesmo parlamentares ligados à bancada do passa a boiada lamentavam, nos bastidores do Congresso, a atitude dos três senadores que afrontaram a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

Na avaliação de alguns deles, a agressividade de Plínio Valério (PSDB-AM), Marcos Rogério (PL-RO) e Omar Aziz (PSD-AM) foi excessiva e gerou um efeito contrário ao provocar solidariedade à ministra.

O fato de Marina ser mulher, negra e evangélica tornou o episódio ainda mais delicado. Para um parlamentar do PL, os senadores pecaram pelo exagero, deram, o que no futebol é classificado de "um drible a mais".

Perderam um jogo fácil de ser vencido, principalmente pela resistência que a pauta ambiental enfrenta no Congresso.

Temor

Integrantes da poderosa bancada do agronegócio temem que o episódio possa, de alguma forma, complicar a aprovação na Câmara do projeto que muda a legislação ambiental — na prática, derruba uma série de medidas de preservação estabelecidas há anos.

Lula em campo

Aprovado originalmente na Câmara, o projeto foi mudado pelos senadores e terá que voltar a a ser analisado pelos deputados. O governo deixou a proposta correr solta, mas o caso Marina tende a fazer com que, pressionado, Lula vete mais artigos do que o previsto.