Um dia depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizar a abertura de um inquérito para investigar a conduta do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o parlamentar fez duras críticas ao ministro da Corte, Alexandre de Moraes, responsável pela relatoria do caso. Nesta terça-feira (27), Eduardo classificou o magistrado como um "ditador" e um "tirano de beira de estrada que envergonha a Justiça".
O deputado afirmou que ele e sua família estão sendo alvos de perseguição política, comparando a situação a um regime autoritário, onde dissidentes sofrem represálias.
“A transformação do Estado brasileiro em uma organização criminosa está quase completa. Todas as sistemáticas violações dos direitos humanos universais só deixam a coisa toda mais clara, internacionalmente. Em breve, vocês irão pagar pelos seus crimes”, publicou Eduardo Bolsonaro na rede social X (antigo Twitter).
Ameaças
Após ter acesso ao inquérito, o congressista também fez ameaças a policiais federais que venham a cumprir medidas contra ele e contra seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que é réu no STF por tentativa de golpe de Estado em 2022.
"Os policiais federais que porventura venham a cumprir os mandados do Alexandre de Moraes [ministro do STF] ou do Paulo Gonet [procurador-geral da República] para achacar, para extorquir, para extorsionar (sic) Jair Bolsonaro ou qualquer outro tipo de pessoa, vocês saibam que vocês também vão entrar na mira aqui dos norte-americanos", declarou à Revista Oeste. O deputado é, inclusive, escrivão licenciado da corporação.
Na mesma entrevista, o deputado licenciado mencionou as declarações recentes do secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, que sugeriu a possibilidade de sanções contra o ministro Alexandre de Moraes. Para Eduardo, o magistrado será punido de “forma exemplar” pelo governo do presidente norte-americano Donald Trump (Republicano).
“Vocês têm noção que o Alexandre de Moraes não poderá abrir uma conta no Uber? Que se ele for registrar o celular dele para dirigir no Waze, ele não vai conseguir? É muito grave”, afirmou o filho do ex-presidente.
Ele chegou a sugerir ainda que pode renunciar ao mandato de deputado federal para continuar no seu “projeto”. O parlamentar está licenciado do cargo desde 21 de março, e atualmente reside nos EUA, onde, segundo ele, está denunciando supostas violações de direitos humanos no Brasil.
Inquérito
A apuração foi requisitada por Gonet posteriormente a uma representação criminal apresentada pelo líder do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (PT-RJ). O objetivo é verificar a possível atuação do parlamentar licenciado contra autoridades e instituições brasileiras. Moraes acolheu o pedido e determinou que a PF monitore suas publicações relacionadas sobre o caso nas redes sociais. Além disso, a corporação deverá colher o depoimento de Jair Bolsonaro no prazo de dez dias. Autoridades diplomáticas brasileiras também serão ouvidas durante o processo.
No entendimento do procurador, as declarações não são um fato isolado. De acordo com Gonet, o parlamentar tem feito pronunciamentos públicos recorrentes desde o início do ano, defendendo que o governo dos Estados Unidos imponha sanções contra ministros do STF, integrantes da PGR e da PF. Ele avalia que essas ações visam interferir nas investigações em andamento sobre a trama golpista, principalmente agora que os processos estão avançando.