Por: Karoline Cavalcante

CPI das Bets ouvirá influencer Virgínia Fonseca nesta terça

Virgínia tem usado suas redes para promover apostas bets | Foto: Reprodução Instagram @virginia

Por Karoline Cavalcante

A influenciadora digital e apresentadora de TV Virgínia Pimenta da Fonseca Serrão Costa está convocada para prestar depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets nesta terça-feira (13), às 11h. Com mais de 53 milhões de seguidores no Instagram, Virgínia utilizou suas redes sociais para promover empresas de apostas, o que motivou sua convocação pelo colegiado.

O pedido partiu da relatora, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), que justificou a medida com base na expressiva popularidade da empresária e em sua influência no mercado digital, onde impacta milhões de seguidores em múltiplas plataformas.

"Nos últimos anos, a influenciadora esteve envolvida em campanhas de marketing para casas de apostas, utilizando sua ampla base de seguidores para divulgar essas atividades. Dado o impacto de sua comunicação no comportamento de consumidores, torna-se fundamental compreender o alcance e as responsabilidades éticas associadas a tais ações, especialmente em um segmento com potenciais implicações sociais, como o de apostas online", diz o documento.

Coercitiva

Na segunda-feira (12), Virgínia já se encontrava em Brasília e, de acordo com a assessoria de Thronicke, com presença confirmada na CPI. Como foi formalmente convocada, sua participação é obrigatória. Caso não compareça, a influenciadora pode ser levada coercitivamente à sessão — ou seja, por ordem judicial.

No entanto, a defesa da influenciadora protocolou um pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF), solicitando a liberação da sabatina. Até o fechamento desta matéria, a Corte ainda não havia decidido se ela será dispensada do depoimento, se poderá comparecer em silêncio ou se será obrigada a prestar esclarecimentos.

A convocação ocorre em meio a uma série de medidas adotadas pelo colegiado, que tem enfrentado resistência por parte de influenciadores e representantes do setor de apostas. No último fim de semana, a Justiça Federal de São Paulo autorizou a condução coercitiva da advogada Adélia Soares, representante da também influenciadora Deolane Bezerra. Convocada como testemunha para a sessão de 29 de abril, Adélia não compareceu e, agora, o caso está sob responsabilidade da Polícia Federal e da Interpol. Ainda não há nova data definida para seu depoimento.

Adélia é sócia da empresa Payflow Processadora de Pagamentos LTDA e, segundo Soraya, foi indiciada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) pelos crimes de falsidade ideológica e associação criminosa. As investigações apontam que ela teria colaborado com uma organização estrangeira para operar jogos de azar de forma ilegal no Brasil, utilizando a empresa Playflow como fachada.

Na mesma sessão em que Adélia não compareceu, o empresário Daniel Pardim Tavares Lima foi preso por falso testemunho, após afirmar que não conhecia a advogada — apesar de ambos serem sócios na empresa Payflow, por meio da Peach Blossom River Technology, da qual Pardim é proprietário. A ordem de prisão foi expedida pela própria relatora.

Inicialmente com encerramento marcado para 30 de abril, a CPI das Apostas teve seu prazo estendido por mais 45 dias, com conclusão agora estimada para junho. A prorrogação foi menor do que o solicitado por Thronicke, que defendia uma extensão até o fim do ano — um total de 130 dias — alegando que os trabalhos ficaram suspensos por 63 dias em fevereiro. O relatório final deve propor uma regulamentação mais rigorosa para o setor de apostas no Brasil, com novas regras, sanções mais severas e mecanismos de fiscalização mais eficazes.