Com a saída de Carlos Lupi do Ministério da Previdência Social, a bancada do PDT na Câmara dos Deputados anunciou, nesta terça-feira (6), que deixará a base do governo federal. Tudo isso quatro dias após Lupi pedir demissão do ministério como consequência do esquema de fraudes na distribuição de benefícios de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Será uma saída, no mínimo inusitada. Apesar do anúncio da bancada de deputados, o novo ministro da Previdência, Wolney Queiroz (PDT), permanece no cargo. E a bancada do partido no Senado Federal divergiu da decisão e anunciou que continuará na base do governo. A bancada do partido na Câmara conta com 17 deputados federais, no Senado, são três representantes: os senadores Weverton Rocha (MA), Ana Paula Lobato (MA) e Leila Barros (DF).
Independente
Apesar de ter deixado a base do governo federal, o líder da bancada na Câmara, deputado Mário Heringer (MG), destacou que o PDT passa a ser uma sigla independente na Casa, e não irá para a oposição. Segundo o parlamentar, a decisão não se trata de uma “retaliação”, mas que o caso no INSS foi “o pingo d’água” que faltava para o partido deixar o governo.
“Esse problema de relacionamento com o governo já vem há muito tempo. A questão do INSS, que é uma questão muito importante para nós e para todos os brasileiros, foi, na verdade, mais um episódio. Foi o pingo d'água que faltava. Não é retaliação”, afirmou Heringer.
“Apoiar o governo Lula não é problema nenhum para a gente, até porque é o governo que está aí. E tem feito um trabalho que eu reputo bom para o Brasil. Mas o governo Lula não está dando, e não estava dando desde antes, a reciprocidade e o respeito que o PDT julga merecer”, completou o líder da bancada.
Eleição
Segundo o parlamentar, a legenda discutirá alternativas de candidaturas para a eleição presidencial de 2026. “O PDT na eleição anterior ofereceu alternativa para a Presidência e a gente acha que podemos oferecer alternativa também para 2026”, declarou o Mário Heringer, relembrando a candidatura de Ciro Gomes na eleição presidencial de 2022.
Mesmo que o novo ministro de Previdência Social também seja do PDT, a mudança não foi bem avaliada pelo partido, especialmente porque o nome de Carlos Lupi não foi citado no relatório preliminar da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU). A ministra de Relações Institucionais do governo, Gleisi Hoffmann, deve se reunir com a bancada nos próximos dias para tentar reverter a situação.
Já a bancada no Senado considerou a afinidade com o governo Lula no Senado, especialmente em termos de projeto para o país. Apesar das divergências, os senadores reiteraram que respeitam a decisão dos colegas de partido na Câmara dos Deputados, e que a legenda segue unida.
Ressarcimento
O presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Gilberto Waller Júnior, declarou que o ressarcimento de aposentados e pensionista que tiveram parte de seus recursos descontados indevidamente por um esquema de fraude será feito de forma automática, segura e sem burocracia, diretamente pela instituição. Em entrevista à rádio CBN, nesta terça-feira (6), ele reiterou que o dinheiro será devolvido diretamente na conta em que os aposentados e pensionista recebem os benefícios mensalmente.
“Uma das coisas que já foi definida é que eventual ressarcimento seja da instituição. Nada de Pix, nada de depósito em conta e nada de sacar em banco”, destacou Gilberto Waller. “Da mesma conta que ele [aposentado ou pensionista] recebe, o seu benefício previdenciário vai ser depositado. Por isso, eu peço para todos: não caia em outros golpes, não assine nada, não abra link, não acredite em ninguém que esteja vendendo facilidade”, ele reiterou.
Segundo o presidente do INSS, o próprio presidente Lula que pediu para que o instituto elaborasse uma maneira para que o processo de devolução do dinheiro descontado seja fácil. Considerando que o dinheiro será devolvido na mesma conta que os beneficiários recebem, o recurso será pago junto com o benefício do INSS, em folha de pagamento suplementar — uma folha de pagamento adicional, que é usada para cobrir pagamentos que não foram incluídos na folha principal.
Nesta segunda-feira (5), Waller já havia destacado que a devolução do dinheiro se dará a partir de bens dos golpistas que foram apreendidos pela PF. Caso o valor não seja suficiente, outras alternativas serão estudadas para resolver a questão.