O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) realizou mais uma mudança em sua equipe ministerial nesta segunda-feira (5). Cida Gonçalves foi exonerada do comando do Ministério das Mulheres e, em seu lugar, assumiu a assistente social Márcia Lopes. A posse aconteceu pela manhã, em cerimônia no Palácio do Planalto, com a presença da ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. A nomeação foi oficializada em edição extra do Diário Oficial da União no mesmo dia.
Nas redes sociais, Márcia expressou ter aceitado o convite do presidente com "alegria e um profundo senso de responsabilidade”.
“Assumo essa missão com humildade, coragem e o compromisso de toda uma trajetória dedicada à justiça social, à defesa dos direitos humanos e à construção de políticas públicas que transformam vidas, especialmente a vida das mulheres neste país”, publicou Lopes em seu Instagram.
Assédio
A saída de Cida ocorre em meio a denúncias de assédio moral no ministério. Segundo informações reveladas pelo Estadão, no final de janeiro, a Controladoria-Geral da União (CGU) enviou à Comissão de Ética Pública da Presidência da República cinco queixas formais contra a então ministra e parte de sua equipe. Os relatos incluíam ameaças de demissão, exigências de trabalho incompatíveis com os prazos estipulados, comportamentos agressivos e atitudes discriminatórias.
As denúncias foram acompanhadas por dossiês e gravações feitas por servidoras e o caso chegou a ser tratado na Comissão de Ética, sendo, no entanto, arquivado em fevereiro deste ano. Ainda assim, o desgaste político pesou, e Lula chegou a se reunir com Cida na última sexta-feira (2), antes de anunciar oficialmente a substituição.
Embora possua um orçamento limitado, o Ministério da Mulher ocupa um papel simbólico no governo, que busca reforçar ações políticas em defesa da equidade de gênero. A movimentação também ocorre em um momento sensível: pesquisa Genial/Quaest divulgada em abril mostrou aumento da insatisfação feminina com o governo federal. Entre as mulheres entrevistadas, 53% reprovam a gestão Lula (antes era 47%), enquanto 43% aprovam (eram 49%).
Márcia Lopes
Filiada ao Partido dos Trabalhadores desde 1982, a paranaense Márcia Helena Carvalho Lopes, de 67 anos, já ocupou outros cargos políticos. Em 2000, foi eleita a vereadora mais votada de Londrina (PR) pela sigla. Além disso, integrou o governo federal em gestões anteriores. Em 2010, foi nomeada por Lula para comandar o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Antes disso, já havia sido Secretária Nacional de Assistência Social da pasta, entre 2004 e 2008. Em 2022, integrou a equipe de transição do presidente Lula, no grupo de assistência social.
Márcia é também irmã de Gilberto de Carvalho, secretário Nacional de Economia Popular e Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego. Gilberto foi chefe de gabinete durante os dois primeiros mandatos de Lula e ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República no governo Dilma Rousseff (PT).
Reforma ministerial
A troca de Cida Gonçalves marca mais um capítulo da reforma ministerial conduzida pelo presidente Lula. Desde o início de 2023, esta é a 12ª mudança na Esplanada. Na última sexta-feira (2), Carlos Lupi (PDT) deixou oficialmente o cargo de ministro da Previdência Social, que foi assumido por Wolney Queiroz (PDT), após denúncias de descontos indevidos em benefícios previdenciários de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Pastas como Saúde, Comunicações, Relações Institucionais, Direitos Humanos, Turismo, Esportes, Portos e Aeroportos, Justiça, Segurança Institucional e a Secretaria de Comunicação Social também passaram por mudanças na direção.