O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União) anunciou na última quinta-feira (6) que lançará a sua pré-candidatura para a Presidência da República ao lado do cantor sertanejo Gusttavo Lima. Interlocutores do governador declararam ao Correio da Manhã que os dois vão percorrer o caminho lado a lado e pretendem realizar uma série de viagens pelo país, mas ainda é cedo para falar de uma chapa conjunta. No Centro de Convenções de Salvador (BA), o evento de lançamento da pré-candidatura está previsto para acontecer no dia 4 de abril e promete atrair atenção nacional. A intenção é somar a força política de Caiado com a popularidade do artista. Porém, Lima ainda não é filiado a nenhum partido.
Na avaliação do cientista político Elias Tavares, “essa dobradinha tem lógica” mas é arriscada. A falta de experiência política do sertanejo poderia acarretar uma rejeição significativa caso houvesse uma chapa. “O sucesso dessa estratégia dependerá de indicadores concretos, como pesquisas eleitorais que mostrem a chapa alcançando dois dígitos ou algo próximo disso. Se isso acontecer, a candidatura ganha tração e passa a ser levada mais a sério como uma alternativa dentro da direita. A caravana nacional anunciada por Caiado será fundamental para testar essa viabilidade. No momento, trata-se de um ensaio promissor, mas ainda sem garantias de consolidação”, explicou Tavares.
Para o analista político da BMJ Relações Governamentais Érico Oyama, o movimento de Caiado é interessante para ampliar a sua projeção nacional.
“Ele é um gestor bem avaliado, já mostrou competência administrativa e tem grande influência em Goiás. Mas o estado, por si só, não tem peso eleitoral suficiente para impulsionar uma candidatura presidencial. Ao se associar a Gusttavo Lima, uma figura amplamente conhecida no país, ele busca compensar essa limitação com um nome de apelo popular e grande alcance midiático”, afirmou Oyama.
Apoio
Em nota, a Balada Eventos, empresa que gerencia a carreira do cantor, afirmou que a participação na cerimônia será de forma “estritamente” em apoio ao atual governador, de quem é amigo pessoal, “não existindo definições sobre” a possível filiação partidária. “Reforçamos que Gusttavo Lima não tem partido, mas apoia o Governador do Estado de Goiás. Qualquer decisão por parte do cantor somente será tomada em 2026”, disse a assessoria.
No início de fevereiro, o sertanejo se colocou à disposição para concorrer ao páreo em 2026. “Conheço muita gente e, embora eu nunca tenha ocupado nenhum posto político, eu sou um empreendedor. Montei muitas empresas e sei como fazer para a roda girar”, iniciou”. Eu acho que posso ajudar, talvez mude de ideia até 2026, mas hoje a minha disposição está muito inclinada para me tornar um candidato à Presidência da República em 2026”, declarou Gusttavo Lima em entrevista ao portal Metrópoles. Além disso, bastidores revelam que estão previstas negociações com a cúpula do União Brasil nos próximos dias.
Bolsonaro
As agendas estão se intensificando neste sentido: na quarta-feira (5), Gusttavo Lima se encontrou com o empresário Luciano Hang, dono das lojas de departamento Havan e conhecido por ter sido um forte apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022. Bolsonaro já havia afirmado que o Partido Liberal está aberto para conversar com o cantor, mas ressaltou que o candidato à Presidência segue sendo ele. “Não vejo problema nenhum. O PL aceita conversar com Gusttavo Lima. Aliás, nós estamos abertos para conversar com qualquer um que seja de direita, claro”, disse Bolsonaro à CNN.
Segundo Elias Tavares, a candidatura de Caiado tem pouco potencial de ser a aposta principal de apoio de Bolsonaro, que estará mais inclinado a apoiar uma chapa formada por aliados de primeira ordem, como seu filho, o atual deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) ou sua esposa, Michelle Bolsonaro.
“Há ainda a possibilidade de apoio a Tarcísio de Freitas, embora formalmente o governador de São Paulo diga que não tem pretensões de disputar a Presidência em 2026. Caiado e Bolsonaro já tiveram relação de maior proximidade, mas o partido do governador de Goiás, o União Brasil, não faz parte das legendas mais alinhadas ideologicamente a Bolsonaro, embora faça parte do espectro de centro-direita”, explicou.
