Por: Karoline Cavalcante

Nísia Trindade pode ser trocada por Padilha na reforma

Nísia deverá ser substituída no Ministério da Saúde | Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), evita dar detalhes sobre a reforma ministerial em seu governo. Segundo ele, a decisão de mudar ou não os integrantes da Esplanada dos Ministérios é uma questão que pertence “intimamente” ao líder do Palácio do Planalto. Na quarta-feira (19), chegou a afirmar que está “muito contente” com a sua equipe. A declaração foi dada à imprensa após reunião com o primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, quando foi questionado sobre a possível influência dos resultados das pesquisas eleitorais — que mostraram uma queda na popularidade do governo — nas modificações ministeriais.

“Não faz parte do meu discurso. Nunca nenhum jornalista ouviu eu dizer que vou fazer reforma ministerial. Nunca. Essa palavra não existe na minha boca, porque eu mudo quando eu quiser. Da mesma forma que convidei quem eu queria, tiro quem eu quiser, na hora que eu quiser. É simples assim, sem nenhum problema”, afirmou.

Entretanto, bastidores revelam que a reforma já está bastante avançada. Segundo apuração do Correio da Manhã, a próxima pasta a sofrer alteração será a da Saúde, com a saída da ministra Nísia Trindade já praticamente definida. A avaliação do governo é de que, apesar do conhecimento técnico de Nísia na área, ela não possuiria a capacidade de articulação necessária que o órgão exige.

Nísia envolveu-se em uma polêmica levantada pelo Correio da Manhã em janeiro do ano passado. Após ela destinar R$ 55 milhões para ações de média e alta complexidade no município de Cabo Frio (RJ), seu filho, o músico Márcio Lima Sampaio, tornou-se secretário municipal de Cultural.

Entre os possíveis substitutos, está o presidente da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), Arthur Chioro, que foi ministro da Saúde no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), entre 2014 e 2015, e o atual ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

Padilha

Padilha é o nome mais cotado. É médico de formação e foi também ministro da Saúde no primeiro governo Dilma, de 2011 a 2014. Padilha também foi secretário municipal da Saúde de São Paulo, entre 2015 e 2017, durante a gestão de Fernando Haddad (PT). Para substituí-lo na articulação com o Congresso, alguns parlamentares estão sendo cogitados. O deputado federal Isnaldo Bulhões (MDB-AL) é, até o momento, o mais provável, considerando a tendência de Lula em equilibrar a base governista com partidos de centro, facilitando as negociações no Legislativo.

Caso a decisão fosse tomada exclusivamente com base na confiança, o escolhido seria o deputado federal José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara dos Deputados. O senador Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado Federal, também foi mencionado, mas a chance de sua indicação é remota.

Outra mudança está prevista para a Secretaria-Geral da Presidência da República. A atual presidente do Partido dos Trabalhadores e deputada federal, Gleisi Hoffmann (PT-PR),seria o nome para assumir o lugar de Márcio Macedo. Segundo interlocutores da base, a experiência de Hoffmann com os programas sociais do governo enriqueceria sua gestão na pasta.

Gleisi é a presidente mais longeva da história da sigla. Lançada em 2017, seu mandato se encerrará em junho de 2025. Para assumir seu lugar, Lula já deixou claro que deseja nomear o ex-prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT). O Correio apurou que José Guimarães chegou a pleitear a vaga, mas foi barrado pelo chefe do Planalto, pois o parlamentar já demonstrou interesse em concorrer ao Senado nas eleições gerais de 2026 e Lula não quer trocar a presidência do partido novamente no próximo ano.

O desejo do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) é que a reforma ministerial coincida com a instalação das comissões permanentes da Casa — que está prevista para acontecer em março — com o objetivo de facilitar os acordos políticos. Na última quarta-feira (19), o Senado elegeu os presidentes e vice-presidentes em 14 das 16 comissões permanentes. Faltaram somente os comandos da Comissão de Comunicação e Direito Digital (CCDD) e a Comissão da Defesa da Democracia (CDD).