Pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira (14) indica que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atingiu o mais baixo patamar de popularidade de todas as suas trees passagens pelo comando do país. Segundo o Datafolha, o índice de aprovação do governo está em somente 24%, enquanto 41% hoje o desaprovam.
É neste momento que Lula sinalizou, em entrevista, que poderá acabar não disputando as eleições presidenciais de 2026. Aos 79 anos, o petista ressaltou a importância de ser “realista” e afirmou que a decisão dependerá de sua saúde. Para ele, o momento ainda é prematuro para discutir o pleito e sua prioridade é, neste momento, a gestão atual. As declarações foram feitas em entrevista à Rádio Clube do Pará.
“Se eu vou ser candidato ou não, tem uma discussão com muitos partidos políticos, com a sociedade brasileira. Eu tenho 79 anos, tenho que ter consciência comigo mesmo, não posso mentir para ninguém e muito menos para mim”, afirmou o presidente.
Ele também mencionou sua recuperação após o acidente doméstico ocorrido em outubro de 2024, quando sofreu um tombo que resultou em uma hemorragia intracraniana, necessitando de cirurgia de emergência. "Se eu estiver com 100% de saúde, se eu estiver com a energia que eu tenho hoje, inclusive de cabeça limpa. Sabe por quê? Eu caí um tombo em outubro de 2024, machuquei a cabeça, e eu fiz um tratamento, limpei a cabeça. Tirei tudo o que era bobagem que tinha na cabeça, só ficou coisa boa agora e pensamento positivo", completou.
Lula enfatizou que, por ora, sua prioridade é o governo de 2025. "Então, é esse país que a gente vai discutir em 2026. Se eu estiver legal e achar que posso ser candidato, eu posso ser candidato", afirmou.
Cenários
A eventual ausência de Lula em 2026 somada á quase certa ausência do ex-presidente Jair Bolsonaro, que está inelegível, pode tonar incerto o quadro eleitoral das próximas eleições. Apesar da queda de popularidade de Lula, diversas pesquisas apontam que ele venceria em qualquer cenário. Por outro lado, os votos á direita aparecem dispersos, por não ter se firmado alternativa a Bolsonaro, até porque ele tende a desestimular tais alternativas porque tenta reverter sua inelegibilidade. A última pesquisa Atlas/Intel, porém, ja mostrou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em empate técnico com Lula.
O cientista político Frederico Bertholini, professor da Universidade de Brasília (UnB), analisou o cenário e apontou que a ausência de um nome para representar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2026, devido à inelegibilidade de Bolsonaro, não indica uma falta de consolidação no campo político da direita. "Essas incertezas mascaram uma realidade consolidada. A inelegibilidade de Bolsonaro não significa falta de força na direita; ao contrário, revela uma enorme consolidação do voto conservador em torno de uma liderança", explicou.
Bertholini também destacou que as declarações de Lula não devem ser interpretadas como um sinal de desistência e que, dado o atual cenário político, "é improvável que o campo da esquerda lance outra candidatura".
Esse entendimento é reforçado pelo cientista político Isaac Jordão, que acredita que Lula concluirá seu mandato de forma mais sólida e que a falta de uma alternativa viável para substituí-lo pode levá-lo a buscar a reeleição para um quarto mandato. "É natural que isso toque a vaidade da pessoa", declarou.
“Se Lula se reeleger para um quarto mandato, ele se tornará o presidente com mais mandatos na história do Brasil, superando até Getúlio Vargas, que governou grande parte de seu tempo como ditador", explicou.
No entanto, os desafios políticos de Lula são visíveis. Uma pesquisa do Datafolha, divulgada na mesma sexta-feira pelo Jornal Folha de S. Paulo, mostrou que a reprovação ao presidente em um eventual segundo turno chegaria a 41%, enquanto sua aprovação está em 24%. Este é o pior índice de aprovação de Lula desde o início de seu atual mandato. Em levantamento anterior, os números eram mais equilibrados: 35% de aprovação contra 34% de reprovação. A pesquisa ouviu 2.007 eleitores em 113 cidades, entre os dias 10 e 11 de fevereiro, com margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Para Jordão, se os números de reprovação se mantiverem elevados até as eleições de 2026, Lula provavelmente não buscará a reeleição. "Ele provavelmente colocará outro nome para disputar, pois não acredito que ele queira terminar sua carreira política com uma derrota eleitoral", afirmou.