Com um mês da entrada de Sidônio Palmeira como ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), a comunicação do governo federal vem apresentando um crescimento. Um dado concreto percebido pelo governo é o maior engajamento nas redes sociais. De acordo com um levantamento da consultoria Bites, desde 14 de janeiro (quando Sidônio foi empossado), as interações de Lula cresceram 31%. O conteúdo com maior repercussão do presidente é um vídeo que mostra o petista fazendo uma doação ao Corinthians, time de futebol de Lula, para desmentir notícias falsas sobre taxação do Pix. A publicação alcançou 17,7 milhões de visualizações. Apesar do crescimento, porém, Lula ainda perde bem para o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), cujo vídeo, também sobre Pix, que deu a ele um salto de 149%, também de acordo com a Bites.
Visando crescer cada vez mais, o novo ministro da Secom vem conversando com os ministros do governo para que afinem o discurso, especialmente as pastas atingidas com a taxação em 25% para aço e alumínio aos Estados Unidos, com as orientações do Palácio do Planalto. A medida visa evitar uma desavença que ocorreu com o ministro de Desenvolvimento Social, Wellington Dias. Na última semana, durante uma entrevista,o ministro citou a intenção de reajuste do valor Bolsa Família, sem conversar previamente com a Presidência – o que levou a Casa Civil a ter que divulgar uma nota negando um estudo sobreum possível aumento no valor do programa.
Campanha
Além disso, em comemoração aos dois anos da gestão do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a Secom planeja executar uma campanha nacionalista, em defesa dos interesses nacionais, estimulando um sentimento de orgulho de ser brasileiro. As informações são da colunista Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo.
A campanha entra na linha do slogan “O Brasil é dos brasileiros”, frase idealizada por Sidônio que começou a circular após representantes do governo, incluindo o próprio presidente Lula, usarem um boné azul com a frase bordada. O boné é uma resposta direta ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump – que após ser eleito fez declarações contra a América Latina e demais países, alegando que o mundo precisava mais dos Estados Unidos do que vice-versa.
Diante disso, ministros do governo e aliados passaram a usar o boné, como contraponto ao utilizado durante as campanhas presidenciais de Donald Trump, vermelho escrito "Make America Great Again". O boné ganhou ainda mais repercussão após parlamentares da oposição tentarem emplacar outro boné (o que gerou uma guerra de bonés no Congresso Nacional) e o presidente Lula adotar o acessório de vez.
Crista da onda
Ao Correio da Manhã, o professor de marketing da Fundação de Apoio à Tecnologia (FAT) Ricardo Poli destacou que, em termos estratégicos, o ministro da Secom está seguindo um bom caminho à priori. “Em termos de mecanismo, é algo inteligente ele [Sidônio] estar usando o que está na crista da onda para gerar engajamento. Se o Sidônio vai se aproveitar disso porque está na boca do povo, acho muito pertinente”, destacou Ricardo Poli. Ele porém, reiterou que o sucesso ou não da campanha vai depender de qual será a mensagem transmitida.
Ele ainda destacou que o governo tem a necessidade de adotar uma comunicação mais adequada com as mídias digitais. “A esquerda é boa na comunicação boca a boca e na comunicação institucional, mas não na comunicação digital. A ala da direita souber lidar muito melhor com a comunicação digital”, pontuou. Vale destacar que, apesar do crescimento do governo no engajamento das redes sociais, parlamentares da oposição seguem com melhor desempenho de engajamento nas redes.
Ele ainda destacou que o poder Executivo tem munição para trazer impacto nas redes sociais, mas, em termos estratégicos, faltava a comunicação do governo seguir tendências em cima do que está em “hype” (termo em inglês adotado com frequência nas redes sociais que se refere às tendências do momento, algo que está sendo muito comentado). “O governo tinha matéria-prima para criar muito mais espuma do que criou. Marketing não é uma batalha de produtos, é uma batalha de percepções”, destacou o professor de marketing.