Após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (partido Republicano), anunciar que nesta semana implementará um aumento de 25% sobre as importações de aço e alumínio no país, o ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad, declarou nesta segunda-feira (10) que esperará uma “medida concreta” do norte-americano para anunciar eventuais medidas tarifárias.
Além disso, o ministro da Fazenda negou a possibilidade de o governo federal taxar Big Techs americanas que atuam no Brasil em retaliação à taxação de Trump. Essa possibilidade chegou a circular. “Não é correta a informação de que o governo Lula deve taxar empresas de tecnologia se o governo dos Estados Unidos impuser tarifas ao Brasil. No mais, o governo brasileiro tomou a decisão sensata de só se manifestar oportunamente com base em decisões concretas e não em anúncios que podem ser mal interpretados ou revistos. Vamos aguardar a orientação do presidente”, declarou Haddad por meio de suas redes sociais, nesta segunda-feira.
O discurso de cautela de Haddad foi repetido também pelo vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin. Mas, em meio aos anúncios do ‘tarifaço’ na gestão de Donald Trump frente à Casa Branca, há a expectativa de o Brasil retribuir as medidas e também aplicar um aumento sobre as importações norte-americanas. Na última semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou, em entrevistas a rádios mineiras, que, caso os EUA taxem o Brasil, o contrário também será feito.
“O mínimo de decência que merece um governo é utilizar a lei da reciprocidade. Para nós, o que seria interessante era os Estados Unidos baixar a taxação e nós baixarmos a taxação. Mas, se eles ou qualquer país aumentar a taxação do Brasil, nós utilizaremos a reciprocidade e taxar eles também, ou seja, é simples e democrático”, declarou Lula na última quarta-feira.
Impacto
A medida impactará diretamente o governo brasileiro, que é um dos principais exportadores de aço para os Estados Unidos. Segundo o painel de monitoramento do comércio global, da Administração de Comércio Exterior dos Estados Unidos, entre 2022 e 2024, a exportação de aço ao país norte-americano registrou um aumento de 74%.
Em 2023, de acordo com o poder Executivo, o país comprou 18% do total de exportações brasileiras de ferro, ferro fundido ou aço. Além disso, em 2024 o Brasil se tornou o segundo maior exportador da liga metálica em volume ao mercado estadunidense (147,2 milhões de dólares por 42 mil toneladas de aço, o equivalente a R$ 850 milhões), ficando atrás apenas do Canadá.
‘Ganha-ganha’
Assim como Haddad, Alckmin também foi questionado pela imprensa nesta segunda-feira acerca de quais medidas o governo brasileiro adotará perante a taxação dos Estados Unidos nos produtos. Em um tom ameno, ele reforçou que o governo aguarda quando a taxação será, de fato, implementada.
“Nós temos uma relação de 200 anos, entre Brasil e Estados Unidos. É uma colaboração mútua, um ganha-ganha. Se a gente pegar no passado, cresceu fortemente o comércio Brasil-Estados Unidos. E ele é equilibrado: nós exportamos US$ 40,2 bilhões para os Estados Unidos e eles exportam até um pouco mais, US$ 40,5 bilhões. Vamos aguardar a questão da taxação. Da outra vez que isso foi feito, teve cotas, então vamos aguardar”, reforçou o ministro.
Essa não será a primeira vez que Donald Trump implementa uma taxação de 25% aos produtos internacionais. Ao citar as “cotas”, o vice-presidente se refere a uma acordo firmado entre Brasil e Estados Unidos, em 2018. Em março de 2018, Trump anunciou a taxação de 25%, mas em maio do mesmo ano, o setor siderúrgico brasileiro concordou em reduzir suas exportações para o mercado norte-americano com a adoção de cotas.
Na época, ficou acordado que, para produtos acabados e semiacabados, a cota é dada pela média das exportações brasileiras para os EUA no período de 2015 a 2017. No caso dos produtos acabados, foi aplicado ainda um redutor de 30% sobre a média.