Por: Karoline Cavalcante

Lula sobre alimentos: "Se está caro, não compra"

Para Lula, comprar caro é questão de "educação" | Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou nesta quinta-feira (6) que a população brasileira precisa passar por um "processo educacional" para evitar a compra de alimentos com preços elevados, sugerindo que a troca por produtos similares pode ser uma solução. Segundo Lula, essa “conscientização” ajudaria a reduzir os preços. A declaração foi feita durante uma entrevista às rádios baianas Metrópole e Sociedade.

"Uma das coisas mais importantes para que a gente possa controlar o preço é o próprio povo. Se você vai ao supermercado e você desconfia que tal produto está caro, você não compra. Se todo mundo tiver consciência e não comprar aquilo que acha que está caro, quem está vendendo vai ter que baixar para vender, porque, senão, vai estragar", disse o chefe do Palácio do Planalto.

Processo educacional

Segundo o petista, é da sabedoria do ser humano não comprar um produto que é ofertado em preços excessivos. "Esse é um processo educacional que nós vamos ter que fazer com o povo brasileiro. É necessário que a gente faça isso. O povo não pode ser extorquido. A pessoa sabe que a massa salarial cresceu, que o salário aumentou, aí aumenta o preço”, acrescentou.

Ele defendeu que “ninguém pode explorar ninguém” e pediu por responsabilidade em todos os setores da cadeia produtiva, afirmando que o seu objetivo é garantir aos trabalhadores o poder de compra. “Minha briga é para tentar fazer com que os preços cheguem a caber dentro do salário do trabalhador”, finalizou Lula.

A declaração, no entanto, gerou críticas e ironias de parlamentares da oposição. Nas redes sociais, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) comentou sarcasticamente que, para o governo, “basta que os brasileiros parem de comer, beber e se deslocar que os preços caem”.

“Se o arroz está caro, é só não comer. Se o gás está caro, é só não cozinhar. Se a gasolina está cara, é só ficar em casa. Nada de cortar gastos nos ministérios, colocar gente competente nas estatais ou gerir melhor a economia”, disse o Nogueira.

Inflação

Na avaliação de Lula, a responsabilidade pela inflação dos alimentos foi da gestão anterior do Banco Central, quando Roberto Campos Neto presidia a autarquia. "Tivemos um aumento do dólar porque tivemos um Banco Central totalmente irresponsável, que deixou uma 'arapuca' que a gente não pode desmontar de uma hora para outra. Eu disse outro dia que a gente não pode dar um cavalo de pau num navio do tamanho do Brasil. É preciso que a gente tenha juízo, faça as coisas com cuidado", afirmou o presidente.

2026

Em relação às recentes pesquisas eleitorais da Quaest, que indicaram uma queda em sua popularidade, Lula considerou que é cedo para comentar os resultados, pois “ninguém é candidato com tanto tempo de antecedência”, mas garantiu que, se depender dele, o negacionismo não voltará a governar o país. Em menção ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas sem citar nomes, o petista afirmou que o derrotaria em um novo pleito.

“Se depender de mim, a democracia vai derrotar o negacionismo. E se o cidadão que foi presidente, com as bravatas que ele fala, com as mentiras que ele conta, com as provocações que ele faz, quiser ser candidato, ele sabe que eu o derrotei quando eu era oposição e ele estava com a máquina na mão”, iniciou. “Se esse cidadão acha que vai voltar, pode tirar o cavalo da chuva. Quantas vezes ele for candidato, quantas vezes eu vou derrotá-lo”, acrescentou Lula.