Embora tenha pontuado o compromisso com o diálogo, o novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) fez questão de dizer que o Congresso não abrirá mão do que considera suas “prerrogativas” na questão orçamentária. O novo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) tocou menos nesse ponto, mas tem compromissos com seu antecessor, Arthur Lira (PP-AL) e com aqueles que dominam o debate sobre a distribuição dos recursos do orçamento.
Após a eleição e posse dos novos presidentes do Congresso, ficou claro que o grande embate entre os poderes em 2025 continuará girando em torno do processo de liberação das emendas orçamentárias. Paira entre os parlamentares o temor de que as investigações a respeito poderão desvendar escândalos que envolveram deputados e senadores. Mas nem por isso a intenção do Congresso é simplesmente ceder às determinações feitas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino por mais transparência e rastreabilidade.
Projetos estruturantes
No meio desse tiroteio, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), tentou escapar da saia-justa. Ao Correio da Manhã, porém, ele disse acreditar que uma boa relação em torno das emendas poderá se dar diante do compromisso, já aprovado, de utilização das emendas de bancada e de comissão em “projetos estrurantes”.
“Já está aprovado que assim será o uso das emendas”, disse ele. Com isso, Padilha acredita que ficarão associados os interesses dos parlamentares na liberação dos recursos com o do governo, que espera vê-los alinhados com seus projetos para o país.
Padilha e o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), circularam no sábado pelo Congresso com um boné azul, onde se lia a frase “O Brasil é dos brasileiros”. Era uma clara alusão ao boné utilizado pelos seguidores de Donald Trump com a frase “Faça a América grande outra vez”. Segundo Randolfe, o boné foi ideia de Padilha, com a frase sendo desenvolvida pelo secretário de Comunicação da Presidência, Sidônio Palmeira.
Transparência
O problema é que não necessariamente isso resolve os pontos atacados pelas decisões de Flávio Dino no STF. Novo 2º Vice-Presidente do Senado, Humberto Costa (PT-PE) reconheceu, em conversa com o Correio da Manhã.
“Essa questão só se pacifica se o Congresso entender que é preciso, como determina o STF, que a destinação dos recursos orçamentários tenha transparência e condições de rastreabilidade”, disse Humberto Costa. E o Congresso, entenderá isso e respeitará a decisão? "Eu espero que sim", disse Humberto Costa ao Correio.