Por: Rudolfo Lago

Novo presidente da CCJ, Otto discorda das críticas de Kassab

Para Otto, Kassab foi "ácido demais" | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) foi o trampolim usado por Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Por ela, passam todos os projetos em tramitação no Senado antes de irem ao plenário. Também convencionou-se que é nela que se instalam os relatores das emendas constitucionais, como foi Eduardo Braga (MDB-AM) na reforma tributária e como deverá acontecer com quem for designado relator da reforma do Imposto de Renda quando o governo a mandar para o Congresso. O novo presidente da CCJ será o senador Otto Alencar (PSD-BA). E, no sábado (1º), ao Correio da Manhã ele falou sobre seus planos.

Otto Alencar é do mesmo partido presidido pelo secretário de Governo de São Paulo, Gilberto Kassab. Que, na semana passada, fez críticas duras ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e classificou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como “fraco”. Otto Alencar disse respeitar as críticas de Kassab, mas ao Correio afirmou não concordar muito com elas.

“Num regime democrático, todos têm o direito de fazer suas avaliações”, disse o senador baiano. “E Kassab fez as dele”, continuou. “Mas acho que ele foi um pouco ácido demais, especialmente com Fernando Haddad”.

Conquistas

Alencar fez considerações sobre Haddad muito próximas das de Lula na entrevista coletiva que concedeu no Palácio do Planalto na quinta-feira (30). “Haddad teve uma série histórica de conquistas aqui no Senado. Todas as matérias que defendeu foram aprovadas. Tem um crédito muito grande”, afirmou, citando a própria reforma tributária, seu primeiro projeto de regulamentação, e o arcabouço fiscal, entre outras propostas.

“O resultado está aí”, completou o senador. “Obteve mais de 10% de aumento na arrecadação de impostos”.

Nesse sentido, ele afirmou que irá seguir os mesmos critérios de Davi Alcolumbre para a tramitação dos próximos projetos na pauta da CCJ. Ainda precisa ser concluído na Câmara dos Deputados o segundo projeto de regulamentação da reforma tributária. E o governo promete enviar este ano o projeto sobre o Imposto de Renda. Da mesma forma, Alencar designará relator e fará audiências públicas.

O senador ainda se alinha com um ponto que tem resistência nos setores mais conservadores do Congresso: a taxação dos super ricos. “Sempre fui a favor disso, e tenho inclusive projeto nesse sentido. No nosso país, tem que se cobrar imposto sobre lucros e dividendos”.