Por: Gabriela Gallo

Juros sobem mais um ponto e combustíveis ficarão mais caros

Combustíveis ficarão mais caros a partir de sábado | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Como já estava previsto pelo mercado financeiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciou, nesta quarta-feira (29), o aumento da taxa Selic para 13,25%, um reajuste de um ponto percentual (antes a Selic estava em 12,25%). Essa foi a primeira reunião do banco sob a gestão de Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e demais novos diretores do BC (dos atuais noves membros do comitê, apenas dois não foram indicados por Lula). A decisão foi unânime e o Copom não descartou a possibilidade de novas altas de juros.

A taxa Selic é a taxa básica de juros da economia. Ela influencia outras taxas de juros do país, como taxas de empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras, segundo o próprio BC. Como adiantado pelo Correio da Manhã, a medida visa a manutenção da curva ascendente na taxa básica de juros para conter o avanço da inflação. Considerando a reunião do BC em dezembro de 2024 (na época, sob a gestão de Roberto Campos Neto), há chances de que na próxima reunião, em março, o Copom eleve novamente a taxa para 14,25% para domar a inflação.

Acima da meta

Em comunicado após a reunião desta quarta, o Copom justificou que o aumento foi necessário para conter a inflação, que ainda está acima da meta e segue subindo. Atualmente, a projeção do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que é o índice oficial de inflação do país, está com uma margem entre 1,5% e 4,5% acima do limite definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

“Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião”, informou o BC, por meio de nota.

O Comitê também destacou que a elevação da taxa Selic se refere ao atual cenário de incerteza quanto ao ritmo de desaceleração e da postura do banco central dos Estados Unidos, Fed (Federal Reserve). Nesta quarta-feira, o Fed definiu manter os juros do país inalterados na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano. “Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O comitê avalia que o cenário externo segue exigindo cautela por parte de países emergentes”, alegou o Copom.

Governo

Em meio a um cenário de alta nos preços dos alimentos – o governo anunciou que sua prioridade para 2025 será conter a inflação –, o aumento da taxa Selic aumentam os desafios, já que tal cenário afeta o humor do brasileiro e retrai o crescimento do país.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, criticou a decisão em suas redes sociais. “O novo aumento da taxa básica de juros é péssimo para o país e não encontra qualquer explicação nos fundamentos da economia real. Vai tornar mais cara a conta da dívida pública, sufocar as famílias endividadas, restringir o acesso ao crédito e o crescimento da atividade econômica. Nem mesmo os agentes do mercado acreditam na apregoada eficácia anti-inflacionária da política contracionista que foi imposta ao país. Tanto assim que, mesmo após os novos choques de juros, o Boletim Focus desta semana projetava um IPCA de 5,5% para 2025, e não a redução prometida pela escalada dos juros”, escreveu a parlamentar.

Combustíveis

Somando mais um má noticia para o governo, a partir deste sábado (1º) os combustíveis passarão a ficar mais caros. Entrará em vigor o reajuste no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre combustíveis. Aprovada em dezembro de 2024 pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), haverá um aumento de 7,1% na alíquota de gasolina e etanol (passando de R$ 0,10 para R$ 1,47) e um aumento de 5,3% na tributação do diesel e biodiesel.

Apesar das pressões contra a Petrobras, o aumento ocorrerá devido à alta defasagem dos preços dos combustíveis cobrados no Brasil e praticados no exterior. A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, chegou a comunicar o presidente Lula nesta segunda-feira (27) sobre o reajuste, especialmente no preço do diesel.

De acordo com a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), o preço da gasolina está defasado em 7% em comparação ao mercado internacional. Já o diesel está defasado entre 14% e 17%. Dessa forma, como a diferença no diesel é maior do que na gasolina, o diesel sofrerá dois reajustes enquanto a gasolina e o álcool apenas um reajuste. A gasolina e o álcool terão o reajuste do ICMS, enquanto o diesel terá o ICMS mais um aumento que ainda será definido.