Por: Richard Stoltzenburg - PETR

CPTrans cobra explicações sobre acidente com ônibus

Empresa tem até esta quarta-feira (10) para apresentar esclarecimentos | Foto: Divulgação

Por Gabriel Rattes

A Prefeitura de Petrópolis abriu uma investigação para apurar o acidente envolvendo um ônibus da Turp que fazia a linha 605 (Vale das Videiras) e colidiu em um barranco no sábado (6). O coletivo, de número 6822, estava com o licenciamento atrasado: ao consultar o documento do veículo, o último registro encontrado é de 2023 — dois anos sem atualização.

A Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans) determinou que a empresa entregue, até esta quarta-feira (10), todos os documentos técnicos relativos ao veículo e ao motorista. O prazo é de 48 horas a partir da notificação oficial.

Entre as informações exigidas estão:

- ordens de serviço dos últimos 12 meses;

- histórico de manutenção preventiva e corretiva;

- checklists de pré-viagem;

- relatórios de telemetria, caso existam;

- registros de falhas mecânicas;

- ficha funcional do motorista, escala de trabalho, exames médicos atualizados e treinamentos realizados.

A Prefeitura também solicitou o mapa operacional da linha 605, registros de ocorrências anteriores e documentos previstos pela ISO 9001, como procedimentos de manutenção, auditorias internas e planos de ação corretiva.

Segundo o município, a investigação busca verificar se houve falhas na manutenção ou na operação do veículo e reforçar padrões de segurança no transporte público. Caso a Turp não envie toda a documentação dentro do prazo, poderá sofrer multa, autuação e até suspensão da operação do ônibus envolvido.

O acidente não deixou vítimas graves, mas reacendeu o debate sobre a condição da frota e a responsabilidade das empresas que operam o transporte coletivo no município.

Turp pior desempenho

O Relatório Mensal de Operação (RMO) de outubro/2025 revela que a Turp já vinha apresentando índices elevados de falhas e infrações antes do acidente. Segundo o documento, divulgado mensalmente pela Prefeitura após decisão judicial, a Turp deixou de realizar 2.391 viagens em outubro, sendo 342 por falha mecânica e 2.050 por outros motivos. Isso representa 5,87% das viagens programadas — o maior índice entre as empresas. A empresa também registrou 184 veículos com falha mecânica em operação, novamente o maior número do sistema.

Infrações

O RMO também aponta que a Turp recebeu 489 das 499 infrações aplicadas no mês, incluindo:

- 106 registros por não manter veículos em condições adequadas;

- 374 registros por deixar de realizar viagem determinada sem justificativa;

- 8 registros por descumprir determinação da fiscalização;

- 1 por ausência de equipamentos de segurança obrigatórios no veículo ou equipamentos em más condições.

O volume de infrações supera em larga escala o das demais operadoras, que somaram apenas 10 casos.

Aumento da tarifa

Além dos indicadores operacionais apresentados pela CPTrans, o sistema de ônibus viveu um ano marcado por mudanças na tarifa. Em agosto, uma decisão do juiz Jorge Luiz Martins, da 4ª Vara Cível de Petrópolis, definiu que os novos valores passariam a valer em 1º de setembro. As empresas Cidade das Hortênsias e Cidade Real tiveram as tarifas ajustadas para R$ 5,90. Já a Turp Transportes ficou autorizada a cobrar R$ 5,60, valor menor por ainda não cumprir um conjunto de metas de qualidade.

Segundo a decisão, a Turp só poderia chegar aos R$ 5,90 após demonstrar melhorias, como retomada de linhas inoperantes, aumento da frota em horários críticos, regularização dos veículos extras, e redução de falhas mecânicas e de supressões de viagem. Esse monitoramento ficou a cargo da CPTrans, com avaliações a cada 15 dias.

Em 5 de novembro, o juiz Jorge Luiz Martins Alves adiantou que a empresa poderia aplicar o valor cheio — R$ 5,90 — a partir do dia 11 de novembro, após registrar avanços. Segundo a CPTrans, o cumprimento das viagens subiu de 85% para 92%, e as falhas mecânicas caíram de quatro por dia para cerca de duas e meia.