Por Gabriel Rattes
O ex-árbitro petropolitano Luís Antônio Silva Santos, conhecido no futebol brasileiro como Índio, morreu na madrugada desta quarta-feira (03). Ele tinha 55 anos e estava internado em estado gravíssimo desde julho, em tratamento contra um câncer. Índio passou mal em junho, durante um amistoso que apitava no Rio de Janeiro. No mês seguinte, após uma piora no quadro, foi internado e submetido a exames que levantaram a suspeita de câncer na região do cérebro.
Figura conhecida no futebol do Rio e do Brasil nos anos 2000, ele acumulou uma trajetória marcada por grandes decisões, respeito das torcidas e ascensão rápida dentro das federações esportivas.
Carreira
Nascido em Petrópolis, Índio iniciou sua trajetória como árbitro em 1991, na Liga Petropolitana. No ano seguinte, ingressou na Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FFERJ), ainda como árbitro amador. Em 1995, foi promovido ao quadro profissional, apitando partidas nas séries A, B e C do Campeonato Carioca.
Sua carreira ganhou novo impulso em 1998, quando entrou para o quadro da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Naquele ano, apitou seu primeiro jogo nacional entre Americano e Bangu. Entre 1998 e 2003, atuou também na parte administrativa da entidade e como 4º árbitro em diversas partidas.
O reconhecimento nacional veio na década de 2000. Índio participou do Campeonato Brasileiro de Juvenis, ganhou visibilidade e foi rapidamente alçado à Série B do Brasileirão, onde apitou seu primeiro clássico nacional: Fluminense x Vasco.
Em 2004, viveu seu auge. Apitou: a semifinal da Taça Guanabara (Flamengo x Vasco); a decisão entre Flamengo x Fluminense; e a final geral do Campeonato Carioca daquele ano.
Ao longo da carreira, tornou-se recordista de finais no Estado do Rio de Janeiro, incluindo Taça Rio, Taça Guanabara e decisões das divisões inferiores.
Entre 2004 e 2007, foi árbitro aspirante da Fifa, atuando em jogos de grande porte pelo país, como Flamengo x Grêmio, São Paulo x Grêmio e Internacional x Corinthians.
A partir de 2010, decidiu atuar apenas no Rio de Janeiro e seguir apitando decisões do campeonato estadual. Em 2020, com a pandemia, recebeu o convite para assumir a função de instrutor da FFERJ, passando a formar novos árbitros, aplicar testes físicos, acompanhar jogos e participar da pré-temporada da federação.
Trabalho social
Além do futebol, Índio também construiu uma trajetória na área da Educação Física, profissão na qual se formou em 2000, pela Universidade Gama Filho. Ele atuou como personal trainer e, anos depois, tornou-se coordenador técnico de uma Vila Olímpica no Rio de Janeiro. Em 2020, deu início a um trabalho que marcaria sua vida fora dos campos: aulas de educação física para pessoas com deficiência.
O ex-árbitro passou a lecionar no Centro de Referência da Pessoa com Deficiência, no Mato Alto, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, dentro de um projeto da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência. O programa atende cerca de 80 pessoas — crianças, adolescentes e adultos.
Em entrevista em 2022, Índio contou que o projeto era uma de suas maiores realizações, destacando desafios, aprendizados e o impacto positivo que a atividade física tem na autonomia e na saúde de quem participa.
Ferj
A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) emitiu uma nota de pesar:
"Com pesar, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro lamenta a morte do ex-árbitro Luiz Antônio Silva dos Santos, o Índio, aos 55 anos. Ele participou de vários jogos importantes do Campeonato Carioca e Brasileiro, como um dos principais árbitros do quadro da FERJ e da CBF. A FERJ deseja força e condolências a parentes e familiares de Luiz Antônio dos Santos".