Por: Richard Stoltzenburg - PETR

Trio é condenador por estupro e homicídio de Cíntia Rosa no Siméria

As investigações apontaram que a vítima tentou reagir | Foto: Arquivo/Família

Por Gabriel Rattes

O Tribunal do Júri da 1ª Vara Criminal de Petrópolis condenou três homens pelo estupro e homicídio qualificado de Cíntia dos Santos Rosa, crime ocorrido em 2015 no bairro da Siméria. O julgamento, que durou mais de 15 horas, aconteceu no dia 19 de novembro de 2025 e marcou o encerramento de um caso que se arrastou por uma década.

Foram condenados José de Paulo da Silva, Márcio Henrique da Costa Dias e Alan Lopes da Silva. As penas aplicadas foram:

? José de Paulo - 30 anos e 3 meses de reclusão em regime fechado

? Márcio Henrique - 28 anos em regime fechado

? Alan Lopes - 28 anos em regime fechado

Segundo a sentença lida em plenário, o trio foi considerado culpado pelos crimes de estupro e homicídio duplamente qualificado — por meio cruel e pelo uso de recurso que impossibilitou a defesa da vítima. As qualificadoras foram confirmadas durante a votação dos jurados.

O crime

De acordo com a denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), baseada no inquérito policial aberto em 2015, a vítima foi levada pelos acusados para a área conhecida como "Esqueleto", na Rua Presidente Sodré, após uma madrugada de consumo de drogas e bebidas alcoólicas. No local, Cíntia foi forçada a ter relações sexuais e brutalmente agredida até a morte por três homens.

O laudo de necropsia descreveu lesões severas, incluindo golpes com pedra, chutes e socos.

As investigações também apontaram que a vítima tentou reagir, o que aumentou a violência usada pelos acusados. Após constatar que Cíntia estava morta, eles abandonaram o corpo no local.

Testemunhos decisivos

Durante a fase de instrução, testemunhas relataram que viram a vítima, ainda viva, acompanhada dos acusados horas antes do crime.

Uma das principais testemunhas contou que esteve com o grupo naquela noite e viu Cíntia pela última vez na companhia de José Paulo, Márcio e Alan. Ela também relatou conversas posteriores em que um dos acusados tentou pressioná-la sobre o que havia dito à polícia.

O delegado responsável pela parte final do inquérito reafirmou em juízo que Alan chegou a confessar o crime durante depoimento policial, dizendo ter desferido golpes de pedra na vítima enquanto os outros dois mantinham relações sexuais forçadas com ela.

Julgamento

O julgamento começou às 10h30, com a presença do juiz presidente, Luis Claudio Rocha Rodrigues, da promotora Isadora Pereira Fortuna Maximino, dos réus, advogados, oficiais de justiça e 20 jurados convocados — número suficiente para a formação do Conselho de Sentença.

As oitivas das testemunhas foram longas, incluindo depoimentos presenciais, remotos e sem a presença dos acusados quando solicitado pela acusação. O julgamento teve pausas para almoço e jantar, e os debates entre defesa e Ministério Público avançaram pela madrugada.

Às 01h35, o juiz retornou ao plenário com a sentença condenatória.

Recursos

Logo após a sentença, as defesas apresentaram recursos de apelação, alegando nulidades processuais e questionando a decisão dos jurados. Os pedidos foram recebidos pelo juiz nos seus efeitos legais e seguirão para análise do Tribunal de Justiça.

Até que o processo transite em julgado, os réus permanecem presos.

O Correio Petropolitano procurou as defesas de José de Paulo da Silva, Márcio Henrique da Costa Dias e Alan Lopes da Silva. Até o fechamento desta edição, porém, nenhuma delas havia retornado aos contatos da reportagem.