Por Redação
Um conjunto composto por 38 cadernetas de anotações do d. Pedro II, e que reúne milhares de páginas com registros feitos durante as viagens do imperador, revela um retrato detalhado das transformações ocorridas no século XIX, incluindo inovações e referências culturais que marcaram a transição para a Modernidade. O material, já reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), como patrimônio documental da humanidade, passa agora por processo de restauro para a preservação da História.
As cadernetas compõem o conjunto de diários de Pedro II e os escritos fazem referência às observações do autor a partir da década de 1850, até pouco antes de seu falecimento. Segundo o diretor do Museu Imperial, professor Maurício Ferreira Junior, dom Pedro II foi um observador privilegiado das transformações do século.
"Ele anotava com todo o carinho e preocupação de analisar essas inovações", ressaltou. As cadernetas foram usadas durante suas viagens realizadas ao longo de sua vida e, após a Proclamação da República, foram preservadas e levadas por sua filha, a princesa Isabel, para a França. Em seguida, cruzaram o Atlântico, retornado ao Brasil para serem doadas ao Museu Imperial.
"O primeiro trabalho da equipe foi avaliar o estado de conservação de cada uma destas cadernetas, e estabelecer categorias, como as que necessitavam de trabalho de higienização e outras de restauro, respeitando o estado de conservação e necessidade de recuperação", explicou.
"Essas cadernetas estão sendo desmontadas, literalmente, passando pelo processo de restauro sempre obedecendo à necessidade a partir de seu estado de conservação, observado cada um dos itens, para que seja feita sua recomposição, afim de que o material seja preservado para as próximas décadas e décadas", ressaltou o diretor do Museu. "A importância dessa documentação é incomensurável", ressaltou.
Exposição após o término do restauro
Mauricio Ferreira Junior destacou que obras sobre papel não podem ficar expostas por um período longo de tempo. No entanto, algumas das cadernetas serão expostas em exposição, que será inaugurada no dia 2 de dezembro deste ano, sob o título provisório "Fale-me de Pedro".
O conteúdo dos manuscritos foi disponibilizado em um CD, lançado ainda na década de 1990, mas, infelizmente, esgotado. Mais recentemente, foram publicadas as passagens referentes às viagens a Portugal no livro "D. Pedro II e Portugal".
A recuperação do material foi viabilizado por recursos financeiros oriundos de acordo firmado com Ministério Público Federal, a partir de proposta apresentada pelo Museu Imperial.
O restauro do conjunto histórico está sendo realizado no Laboratório de Conservação e Restauração do Museu Imperial. A supervisão técnica é feita pela empresa R C Gonçalves Encadernações e Restauro "Obra Rara".