Por: Richard Stoltzenburg - PETR

Serviço da Turp é alvo de manifestação em Petrópolis

Manifestação denunciou atrasos, quebras e falta de ônibus | Foto: Divulgação

Por Gabriel Rattes

Um dia após a Justiça suspender a homologação do reajuste da tarifa de ônibus em Petrópolis, moradores de Araras realizaram uma manifestação na manhã desta segunda-feira (18) contra a empresa Turp Transportes. O protesto paralisou todas as linhas do bairro e expôs a insatisfação da população com atrasos, quebras e descumprimento de horários.

Na última semana, durante audiência especial na 4ª Vara Cível, o juiz Jorge Luiz Martins Alves havia homologado verbalmente a tarifa de R$ 5,90, apresentada pela Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans). No entanto, a decisão publicada nos autos no domingo (17) suspendeu os efeitos da homologação.

Na decisão mais recente, o magistrado determinou que a CPTrans apresente, no prazo de cinco horas a partir da intimação, um relatório analítico referente ao período de janeiro a julho de 2025 — incluindo os dez primeiros dias de agosto. De acordo com o processo, a Prefeitura, por meio da CPTrans, apresentou o documento nesta segunda-feira (18), cumprindo a determinação judicial. O relatório traz dados técnicos sobre pontualidade, frequência, falhas mecânicas e notificações aplicadas às empresas. A Justiça deve reavaliar o reajuste somente após a análise dessas informações.

Durante a audiência da semana passada, representantes das empresas de ônibus — Expresso Brasileiro, São Luiz e Turp Transportes — defenderam a urgência do reajuste, alegando mais de dois anos de congelamento tarifário e risco de crise no setor. O Ministério Público, por sua vez, havia opinado pelo deferimento do aumento, considerando o equilíbrio financeiro dos contratos. Na ocasião, o juiz homologou verbalmente a tarifa de R$ 5,90, com previsão de início de vigência cinco dias após a publicação. Com a suspensão, o valor não entra em vigor até nova decisão judicial.

Manifestação

Na manhã desta segunda-feira (18), moradores de Araras realizaram uma manifestação contra a Turp Transportes, reclamando de atrasos, quebras e descumprimento de horários. O protesto paralisou o serviço na região, e o presidente da Câmara Municipal, vereador Júnior Coruja, esteve no local para prestar apoio aos moradores.

"A população se reuniu para fazer uma paralisação dos ônibus, onde a covardia do transporte público aqui em Araras, está cada dia pior. Não só em Araras, mas em toda cidade. Falta ônibus nos horários. O Vista Alegre, às 5h50, que é o horário que a população sai para trabalhar, é difícil de ter. Hoje teve porque a empresa sabia que haveria a manifestação", afirmou o parlamentar.

O morador Vitor Araújo destacou a insatisfação. "Estamos aqui hoje [18/08] em Araras, nessa manifestação que emperrou todas as linhas de ônibus do bairro, que está com precariedade, várias quebras e atrasos. A população se uniu para pedir melhorias nos horários e nas linhas que estão quebrando diariamente. Contamos com a ajuda de todos para um melhor transporte".

Representando o Vale das Videiras, Sandra Miranda afirmou que o aumento da passagem e as mudanças propostas são insustentáveis. "Estamos aqui em busca de melhorias. Esse aumento de passagem vai ser um absurdo. Esse negócio de baldeação no Malta também não vai funcionar. Enquanto não tiver resposta concreta, protocolada, a gente não vai liberar nada", disse.

RMO confirma falhas

O último Relatório Mensal de Operação (RMO), referente a junho de 2025, confirma parte das reclamações da população. Segundo o documento, a Turp Transportes deixou de realizar 5,99% das viagens programadas, índice muito acima da média do sistema (2,25%).

Foram 2.280 viagens não realizadas pela Turp, sendo 215 por falhas mecânicas e 2.065 por outros motivos. O relatório também aponta que a empresa registrou 7.637 falhas por quilômetro percorrido.

Além disso, a Turp recebeu o maior número de autuações: foram 288 infrações aplicadas em junho, das quais 198 por deixar de realizar viagens determinadas sem justificativa e 89 por não manter os veículos em bom estado de funcionamento.

Em nota, a Prefeitura de Petrópolis afirmou que vem atuando desde o início do ano para melhorar o transporte público, fiscalizando as empresas por meio da CPTrans e aplicando multas quando identificadas falhas. Segundo o município, não há justificativa para o aumento da tarifa, posição baseada em dados técnicos da CPTrans e validados pelo GATE/MPRJ.

A administração destacou que, desde fevereiro, passou a divulgar mensalmente os Relatórios de Operação (RMO) para dar mais transparência ao acompanhamento do sistema e que também apresentou à Justiça um plano de recuperação do transporte público.

Sobre os protestos, a Prefeitura informou que a CPTrans acompanhou as manifestações desde cedo, orientando motoristas e manifestantes para garantir a fluidez no trânsito, e que os serviços foram restabelecidos ainda no fim da manhã.

Procurado, o Sindicato das Empresas de Ônibus (Setranspetro) não respondeu aos questionamentos.