Por: Richard Stoltzenburg - PETR

Empresas e Firjan alertam para impacto do "tarifaço"

A Firjan reforça que a medida traz insegurança para o comércio exterior | Foto: Divulgação/Porto de Santos

Por Gabriel Rattes*

A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e empresários de Petrópolis demonstraram preocupação com a entrada em vigor, nesta última quarta-feira (6), das tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos a produtos brasileiros. O chamado "tarifaço" pode gerar prejuízos significativos para a economia nacional e estadual — e já acende o alerta no setor produtivo da cidade.

Segundo a Firjan, cerca de 2% das exportações fluminenses podem ser atingidas pelas novas tarifas, com impacto estimado de R$ 123 milhões no Produto Interno Bruto (PIB) do estado. Entre os setores mais afetados estão Alimentos e Bebidas, Borracha, Plástico, Químico, Têxtil e Pescado.

Em Petrópolis, a empresária Despina Filios, da Despi Beachwear — indústria de moda praia localizada na cidade —, teme fortes prejuízos. "Se realmente tiver os 50% de tarifa, vou ter de repassar para os preços. E, com isso, posso perder vendas, porque é um produto de valor agregado", afirmou. A empresa exporta cerca de 90% da produção, sendo que até 60% vai para clientes norte-americanos. A Despi mantém cerca de 40 funcionários diretos e também contrata terceiros para produção.

"A gente precisa que o governo, através dos organismos de diplomacia ou comércio exterior, trabalhe em nome das empresas brasileiras. Não tem sentido esse tarifaço. A gente quer que a discussão seja levada para a área econômica, e não para a política", completou

Impacto financeiro de R$ 25,8 bilhões

Um levantamento da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), divulgado pela Folha de São Paulo, estima que as sobretaxas impostas pelos EUA podem eliminar 146,6 mil empregos no Brasil em até dois anos, somando formais e informais. O impacto financeiro pode chegar a R$ 25,8 bilhões, o equivalente a 0,22% do PIB brasileiro.

A Firjan reforça que a medida traz insegurança para o comércio exterior, reduz a competitividade e ameaça principalmente pequenas e médias empresas, que representam 38% das exportadoras do estado. A entidade defende intensificar negociações diplomáticas para buscar uma solução que preserve o fluxo de investimentos e a geração de empregos.

Prefeito Hingo Hammes leva preocupação a Brasília

O prefeito Hingo Hammes esteve em Brasília nesta última semana em reunião promovida pela Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos (FNP) com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin. O encontro reuniu gestores municipais de diversas regiões do país para debater os reflexos da atual conjuntura econômica internacional e nacional, incluindo o chamado "tarifaço".

Hammes destacou que, embora alguns setores de Petrópolis, como o de aviação, estejam isentos das tarifas, o cenário internacional instável pode reduzir investimentos, gerar cortes de contratos e afetar a arrecadação municipal.

No setor têxtil, tradicional na cidade, o impacto direto tende a ser menor, mas ainda existe o risco de queda de demanda e aumento de custos. "Quando decisões internacionais se somam à falta de segurança jurídica aqui dentro, o efeito imediato é a retração de investimentos, perda de competitividade e risco ao emprego e à arrecadação", disse o prefeito.

*com informações de Folhapress