Por: Richard Stoltzenburg - PETR

Agosto Lilás é aberto oficalmente com lema "Petrópolis por elas"

A campanha é realizada em âmbito nacional | Foto: Leandra Lima/CM

Por Leandra Lima

Agosto é conhecido pelo mês de conscientização da violência contra mulher, com ações de prevenção. Em Petrópolis a abertura da campanha "Agosto Lilás", foi realizada na segunda-feira (4), com o lema - "Petrópolis por elas". O evento contou com palestras sobre rede de acolhimento, segurança pública e saúde da mulher.

Uma das falas que marcou o início das ações foi do defensor público Lucas Alves Nunes, do 8º Núcleo Regional de Tutela Coletiva (NRTC), que anunciou a instalação de uma Comarca especializada no atendimento à mulher no município. Ele também destacou que a Defensoria ajuizou uma ação para exigir a instalação da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) na cidade, devido aos índices de crimes contra o grupo.

A Prefeitura ressaltou que as movimentações ao redor da pasta seguem até o dia 31 deste mês, com atividades que englobam auxílio aos serviços básicos de proteção e auto cuidado. Uma das ações já concretizadas pela gestão foi a abertura das inscrições para empresas, escolas, associações e entidades que gostariam de receber palestras do Centro de Referência em Atendimento à Mulher (Cram).

A campanha é realizada em âmbito nacional, que esse ano carrega o tema "Não deixe chegar ao fim da linha! Ligue 180", reforçando o papel da Lei Maria da Penha como instrumento de proteção à vida feminina. Com um aumento significativo de todos os tipos de violência contra as mulheres, tendo em vista que entre 2024 e 2025, cerca de 21,4 milhões de brasileiras sofreram algum tipo de violência. Isso é o que apontam os dados do dossier "Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil", 5º edição - 2025, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

O estudo revelou ainda que 55,6% da população presenciou, ou ouviu um ou mais episódios de violência contra o grupo feminino, seja por parte de familiares, íntimos e homens aleatórios. Nesse cenário, 23,4 milhões de mulheres de 16 anos adiante, reportaram que já sofreram violência física, sexual e psicológica por parte do parceiro íntimo ou do ex.

No entanto, apenas 25,5% procurou ajuda em algum órgão específico, enquanto 47,4 % não fez nada, 36,5 resolveu sozinha, 17,7% não procurou ajuda por falta de provas, 14,0% não acreditou que a polícia pudesse dar apoio e oferecer uma solução e 13,9% não denunciou por medo de represálias.

Na cidade os dados também preocupam, somente no primeiro semestre de 2025 foram registrados: 1 feminicídio, 2 tentativas de feminicídio, 2 homicídios dolosos, 5 tentativas de homicídio, 40 casos de difamação, 27 de violação de domicílio e 1 de constrangimento ilegal contra as mulheres que residem em solo petropolitano.

Esvaziamento de políticas

O Prefeito Hingo Hammes falou sobre as movimentações que a cidade vem organizando para preservar a vida feminina. Porém o mesmo assinou a extinção da Secretaria da Mulher, que era vista por movimentos sociais como uma ferramenta potente para fiscalizar e implementar leis que de fato proporcionam segurança e auxílio às vítimas.

Apesar do recebimento negativo do esvaziamento da pasta, o Executivo assegurou que a medida não implica no funcionamento da secretaria e nem na estrutura da rede de proteção e acolhimento às mulheres vítimas de violência.