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O perigo da impulsividade

No começo da semana, um vídeo que circulou nas redes sociais surpreendeu moradores do Distrito Federal ao revelar um professor apanhando com socos do pai de uma aluna. A vítima, de 53 anos, recebeu nove socos do agressor, de 41 anos.

Nas filmagens, é possível ver que o educador somente teve tempo de tentar proteger o rosto enquanto é agredido pelo pai. E a atitude foi tão inesperada para as pessoas ao redor que quem parou o homem foi sua própria filha adolescente, que utilizou da técnica de "mata leão" - estrangulamento utilizado em artes marciais que consiste em puxar e imobilizar a pessoa por trás, pelo pescoço, utilizando o braço - para afastá-lo do professor.

O caso gerou repercussão nacional e as justificativas foram inúmeras. A agressão teria sido motivada por um desentendimento entre o professor a aluna, que a teria impedido de usar o celular em sala de aula numa situação excepcional por causa de uma deficiência de visão. O pai disse que se arrepende, mas que agiu por impulso alegando defender a filha, que supostamente teria sido xingada pelo professor.

Independentemente se o relato do pai for verdadeiro, nada justifica o que foi feito. Não importa se o pai agiu por impulso, agressão é agressão. Um homem adulto, do qual se espera que tenha qualquer tipo de autocontrole físico e emocional, não pode agir como um revoltado que resolve tudo na base da violência. Não se trata de um filme genérico dos anos 1980, em que o protagonista desfere socos naqueles que ele julga estar errado. Isso é a vida real, é uma pessoa real que sofre essa violência, é a filha que fica com o constrangimento de ter que impedir o próprio pai de agir como um descontrolado.

E o pior é que não se trata de um caso isolado. Na época de festas juninas deste ano, um homem agrediu uma criança de quatro anos em uma apresentação de escola porque a criança estaria praticando bullying com seu filho. Um homem de mais de 40 anos ameaçar uma criança de quatro é algo fora do razoável. É uma onda de pais e responsáveis impulsivos, imaturos e, pela estrutura de homens adultos, violentos. E quando o seu exemplo dentro de casa é uma figura sem controle desta forma, a incerteza do que os filhos podem se tornar é grande.