Toda geração tem uma época de conceder holofotes a um determinado produto ou serviço. Isso vale para todas as faixas etárias, gêneros, grupos sociais e setores. E, com o advento das redes sociais - em que parece que o sucesso ou fracasso de uma ideia ou um produto estão atrelados à quantidade de cliques, curtidas e compartilhamentos -, essa fama tende a ter uma rotatividade mais acelerada do que antes.
A febre do momento são os livros de colorir "Bobbie Goods", com páginas de animais fofos com um traço simples, mas nostálgico. Apesar de não terem uma história complexa, os livros tendem a ser uma alternativa como atividades de lazer e relaxamento, além de concentração para pintar as páginas.
Segundo a Câmara Brasileira do Livro, dos cinco livros mais vendidos no Brasil neste ano, quatro são livros de colorir de Bobbie Goods. A única exceção é o livro "Café com Deus Pai", outra obra que ficou popular graças às redes sociais, que ocupa a terceira posição de livro mais vendido do ano.
Mas o intuito não é desmerecer obras populares somente por serem uma tendência do momento. Do contrário: independentemente da rotatividade do sucesso ou popularidade dessas "trends" do momento, o aumento de vendas de determinados produtos pode ser a salvação de determinados setores. Com a popularidade dos livros de colorir, Bobbie Goods vendeu 150 mil cópias entre dezembro de 2024 a março de 2025. E até o final do mês de julho, a coleção alcançou a marca de 2,5 milhões de exemplares vendidos. E, em uma realidade em que livros físicos estão cada vez menos procurados com o advento de instrumentos como o Kindle, que permitem que se baixe uma infinidade de livros virtuais, esse aumento de vendas se torna um respiro para livrarias e papelarias, para além do período de compras de materiais escolares.
Segundo o 2º Painel do Varejo de Livros no Brasil, entre 27 de janeiro e 23 de fevereiro, o setor de varejos de livros registrou um aumento de 6,19% em volume de vendas e um aumento de 6,09% no faturamento. E segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), Dante Cid, em entrevista ao PublishNews, "este crescimento observado nos últimos períodos vem alavancado pela retomada do sucesso dos livros de colorir".
Para além de um aumento de vendas, é a segurança de manter empregos vinculados ao setor literário. Fora que, considerando o público jovem, é uma alternativa para se desvincular de telas, reforçar a criatividade e coordenação motora, assim como pode ser uma porta de entrada para diversos outros livros e atividades criativas.