Em homenagem ao Dia da Consciência Negra e ao Dia Nacional de Zumbi, comemorados em novembro, a exposição "Zumbi: Reinar sobre a história" chega ao Museu Antonio Parreiras, em Niterói, nesta quarta, com uma celebração da cultura afrobrasileira e a proposta de pensar a arte como um espaço de luta e afirmação de identidades. A mostra gratuita tem o objetivo de retratar o protagonismo de artistas negros na história da arte brasileira, evidenciando sua contribuição estética, cultural e social.
O grande destaque da mostra é a obra "Zumbi", de Antonio Parreiras, pintada em 1927 em óleo sobre tela. A pintura retoma a tradição dos retratos oficiais da monarquia, porém subverte essa noção ao representar no trono simbólico o líder do Quilombo dos Palmares. Embora pintada por um artista branco, esta obra mobiliza um debate necessário ao retratar, em 1927, um corpo negro com a mesma dignidade reservada aos heróis brancos da nação.
"O museu reafirma seu papel como espaço de reflexão e de valorização das narrativas que moldam o Brasil. Esta exposição nos lembra que a arte também é instrumento de resistência, e que reconhecer o protagonismo de artistas negros é essencial para compreender nossa própria história", disse Fátima Henriques, diretora do Museu Antonio Parreiras.
Inspirada nas trajetórias de artistas negros diante das barreiras impostas pela Academia Imperial de Belas Artes, a exposição toma como ponto de partida as biografias de nomes como Estevão Silva. Documentos da época revelam que o pintor era frequentemente identificado como "africano", em contraste ao reconhecimento de outros como "brasileiros".