Por: Paulo César de Oliveira*

Casas batem de frente com o Brasil

Há algo de muito errado nesta terra descoberta por Cabral. Ulisses Guimarães -já citei sua fala algumas vezes neste espaço-, dizia que cada eleição a "representação popular" piora sua qualidade. Os fatos comprovam. O pior é que nunca chegamos ao fundo do poço.

Nesta guerra do Parlamento - Senado e Câmara - contra o Executivo e o Judiciário - que não são "santos" também, é bom que se diga - quem sai perdendo é o Brasil e os brasileiros. Nossa Constituição diz que todo poder emana do povo que o exerce através de seus representantes no Parlamento - Senado, Câmara, Assembleias estaduais e Câmaras municipais - eleitos em eleições livres e democráticas. As palavras são bonitas, mas, infelizmente, não correspondem à nossa realidade.

O que vimos assistindo é bem distante disso. Os fatos nos mostram um Congresso despreparado, distante dos interesses populares, atuando não como representante do povo, mas de grupos restritos, e de interesses pessoais. O comportamento desregrado do presidente do Senado, Davi Alcolumbre - que o jornal O Estado de São Paulo, em artigo, chama de chantagista- no episódio da escolha do novo ministro do Supremo, mostra como anda o nível de nossos representantes.

Prejudicar o povo, que deveria representar, colocando em votação pautas bombas que aumentam despesas, como vingança por não ter conseguido emplacar um amigo e protegido na vaga do Supremo, dá a dimensão do seu valor político. Mas, infelizmente, Alcolumbre é apenas um exemplo de mau político.

Há outros, muitos outros ocupando espaço no Congresso e em outras Casas Legislativas que só confirmam as previsões de Ulisses. Esta radicalização entre direita e esquerda, como se fossem mesmo preparados politicamente para um embate deste nível, vai nos levar ao caos. Sem que eles se preocupem, pois estão cuidando de seus interesses pessoais e de grupos. 2025 está terminando em crise. 2026, ano de eleição, não promete nada diferente. A não ser que que o eleitor queira mudanças.

*Jornalista e diretor-geral da revista Viver Brasil