Por: Paulo César de Oliveira*

Um Congresso que não anda

Menos de quarenta anos atrás o Congresso Nacional, depois de um ano de debates e acordos, deu ao país uma nova Constituição. Debates políticos sérios, envolvendo lideranças de posições políticas bem definidas, como Ulisses Guimarães, Itamar Franco, Bonifácio Andrade e Lula, entre outras.

Hoje temos um Congresso incapaz de debater com seriedade, sem radicalismos infundados, uma lei para tentar conter a violência que grassa país afora, assustando a população. Temos um Congresso- Câmara e Senado- incapaz de dialogar, buscar consenso disque atendam o real interesse da população que foi quem elegeu seus membros.

Deputados e senadores se engalfinham na discussão de temas de interesse pessoal ou de seu grupo sem conseguir avançar nos assuntos que realmente interessam ao país. Apresentam-se como grupos de direita e esquerda sem explicarem o que isto significa pois, claramente, não têm conteúdo político e se limitam ao debate ou engavetamento daquilo que interessa a seus grupos. E isto, não tenham dúvidas vai-se agravar.

A prisão do ex-presidente Bolsonaro certamente vai agravar este quadro. Seus seguidores ou agregados, como queiram, prometem parar as atividades legislativas para tentar recolocar em pauta o debate sobre a anistia, nem que isto prejudique a elaboração do orçamento do ano que vem, o que travará as ações do governo em um ano eleitoral.

É bom lembrar que antes mesmo do "fato Bolsonaro", o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, revoltado por não ter conseguido fazer de seu amigo Rodrigo Pacheco ministro do STF, já tinha anunciado que colocará em pauta um projeto de revisão da aposentadoria de agentes de saúde, com grande impacto financeiro para a União.

O projeto estava parado e retomar sua discussão foi a forma encontrada por Alcolumbre para se vingar do Governo. É assim, priorizando interesses pessoais e de grupo que, infelizmente, age no Congresso de hoje. Questões menores se sobrepondo aos interesses da população que, infelizmente, tem sua culpa ao fazer suas escolhas.

*Jornalista e diretor-geral da revista Viver Brasil