O lançamento da Trilha Amazônia Atlântica, agora reconhecida como a maior trilha sinalizada da América Latina, não é apenas mais um feito no calendário oficial de políticas públicas. É, acima de tudo, um lembrete contundente de que o Brasil precisa investir de forma estratégica nos seus roteiros turísticos ligados à natureza, ao esporte e à cultura. Com 468 quilômetros de extensão, atravessando 17 municípios, 13 áreas protegidas e seis territórios quilombolas, o percurso paraense evidencia o quanto somos naturalmente privilegiados e como ainda exploramos pouco esse patrimônio.
A trilha, estruturada pelo Ministério do Turismo e pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, nasce como um marco de ecoturismo, mas carrega consigo algo maior: uma filosofia de desenvolvimento que compreende a conservação como ativo econômico, e não entrave. Ao conectar áreas protegidas, comunidades tradicionais e atrativos históricos, o projeto oferece ao visitante uma imersão autêntica na cultura amazônica, aproximando o turista do cotidiano de populações extrativistas, pescadores, agricultores e artesãos. É turismo que revela, valoriza e fortalece raízes.
A grande lição por trás da iniciativa é o protagonismo local. Como destacou a secretária-executiva do Ministério do Turismo, Ana Carla Lopes, a trilha coloca em evidência comunidades antes invisibilizadas: quem faz o tacacá, quem produz o artesanato, quem vive da floresta e com ela. Ao dar visibilidade a esses trabalhadores, abre-se espaço para renda, reconhecimento e pertencimento. Mais que uma rota turística, a Trilha Amazônia Atlântica é um mecanismo de justiça territorial.