A poucos dias do início da COP30, em Belém, um tornado devastou o município de Rio Bonito do Iguaçu, no interior do Paraná. Ventos que ultrapassaram 250 quilômetros por hora varreram a cidade, destruindo casas, comércios e vidas. Seis pessoas morreram, mais de setecentas ficaram feridas e cerca de 80% da área urbana foi reduzida a escombros. O fenômeno foi tão repentino quanto simbólico: enquanto líderes mundiais debatem o futuro do planeta, a realidade do aquecimento global já cobra sua fatura aqui, agora, no Brasil profundo.
O contraste é doloroso e revelador. Em Belém, representantes de quase duzentos países discutem metas, cronogramas e compromissos financeiros para conter a escalada climática. No Paraná, famílias reviram destroços, tentando reconstruir o que o vento levou em minutos. A distância entre as duas cenas, o palco diplomático e o chão da catástrofe, expõe o abismo entre o discurso e a ação.
Eventos como o tornado no Paraná não podem mais ser vistos como simples "anomalias meteorológicas". O Simepar, a Defesa Civil e órgãos científicos alertam que a frequência e a intensidade desses fenômenos extremos vêm crescendo no Sul do país. Chuvas torrenciais, estiagens prolongadas, vendavais. Tudo aponta para um clima cada vez mais imprevisível. E isso não é coincidência. É o resultado direto de décadas de atraso nas políticas de mitigação, de desmatamento acelerado e de um modelo econômico ainda dependente da degradação ambiental.
A COP30, ao ser sediada na Amazônia, carrega uma responsabilidade histórica: transformar promessas em compromissos reais, e compromissos em resultados mensuráveis.