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O vexame do falso nacionalismo

O episódio protagonizado por Emerson Leão e Oswaldo de Oliveira durante o 2º Fórum Brasileiro dos Treinadores de Futebol foi um triste retrato do atraso que ainda contamina parte do futebol brasileiro. Diante de Carlo Ancelotti, técnico da Seleção, os ex-treinadores deram um show de desrespeito e ressentimento, travestidos de um nacionalismo que nada tem de patriótico.

As declarações contra a "invasão" de estrangeiros e o desejo de ver "um brasileiro de volta à Seleção" revelam preconceito, hipocrisia e falta de autocrítica. É curioso ouvir tais queixas de quem também já trabalhou fora do país e lucrou como técnico estrangeiro. O que chamam de "defesa do profissional brasileiro" é, na verdade, protecionismo puro: a tentativa de preservar um mercado que se recusa a evoluir.

Enquanto técnicos como Ancelotti, Jorge Jesus e Abel Ferreira se atualizam e vencem, muitos brasileiros se acomodam no discurso da vitimização. A incapacidade de reconhecer que o futebol mudou explica por que poucos treinadores do país têm espaço em grandes ligas internacionais.

O constrangimento causado a Ancelotti foi, acima de tudo, um desrespeito ao próprio futebol brasileiro. Em vez de aprender com quem tem sucesso, preferem fechar as portas. O verdadeiro vexame não está em ter um estrangeiro no comando da Seleção, está em ver ex-técnicos que um dia representaram o país se tornarem símbolos do atraso que impede o futebol brasileiro de voltar ao topo.

É preciso humildade para reaprender. Fechar-se em um nacionalismo de conveniência é um passo atrás, não um ato de patriotismo.