Por: Paulo César de Oliveira*

Violência sempre na ordem do dia II

No último artigo, publicado na terça-feira passada, o tema foi a violência que grassa pelo país. Infelizmente a publicação coincidiu com a operação da polícia do Rio de Janeiro contra facções criminosas, uma verdadeira carnificina que terminou com mais de 120 mortos e dezenas de feridos entre policiais e civis, ou marginais, como queiram. Muitos foram os presos, nem todos com ligações comprovadas com o crime.

O episódio desencadeou uma briga política que em nada ajuda na solução do nosso principal problema, o crescimento absurdo da violência no país. Usar o tema como mote de campanha eleitoral beira a irresponsabilidade. A solução de nosso grave problema de segurança não pode ser buscada numa discussão eleitoral entre o que se convencionou chamar de direita e esquerda. Não se iludam. A violência não tem solução simples e não será controlada - findada nunca- se não for tratada com seriedade, sem atenções voltadas para as urnas.

E é exatamente isto que se faz agora. Projetos que estavam parados na Câmara e no Senado são resgatados às pressas, enquanto outros são apresentados com maior rigor nas penalidades. E a sociedade vai sendo enganada, iludida com o rigor das penas. Se esquece, porém, que não cuidam da prevenção e, muito menos, da aplicabilidade das leis. O ministro Lewandowski, por sua formação profissional e por ter sido ministro do STF, sabe perfeitamente da necessidade de mudanças nas legislações para que os processos sejam mais céleres e que haja mais rigor no cumprimento das penas. São muitas as regalias. Também de nada adianta aumentar o rigor das punições se o Estado - governos municipais, estaduais e federal- não agirem em conjunto para prevenir o crime e desestimular o surgimento de novos marginais.

Não se iludam, a mão-de-obra do crime é farta, até pelo fascínio que a violência desperta nos mais jovens. Agir com firmeza- que não quer dizer violência- educar e dar melhores condições de vida, perspectiva de futuro, aos mais jovens, e certeza de punição severa. Sem isto não haverá o mínimo de segurança. Resumindo: um Estado presente.

*Jornalista e diretor-geral da revista Viver Brasil