Volto ao assunto. E volto porque ele é o assunto praticamente em todas as rodas, de todas as classes sociais. Falo da violência um tema que assusta a todos nós e que, infelizmente, mostra-se, a cada dia, mais fora do controle. E não apenas aqui, mas em países onde não imaginávamos que este fosse um problema tão grave.
Dias atrás ficamos sabendo, por exemplo, que o roubo de celulares, tão corriqueiro entre nós, é uma dor de cabeça também para a população de Londres, onde a violência virou epidemia. Foram milhares- falam em 40 mil- os aparelhos roubados nas ruas de Londres e vendidos- não se assustem- na China. Este é um retrato do que é problema também para nós brasileiros. Mas aqui, a sensação é que a violência domina tudo. Falo de todo tipo de violência. Do abandono de incapaz ao homicídio. Do tráfico ao desvio de dinheiro público. Dos golpes de toda sorte que destroem vidas. Da violência do Estado. Dos estupros de vulneráveis- crianças e idosos- dos feminicídios, do domínio de áreas urbanas, submetendo as populações a toda sorte de violência. Aqui, lamentavelmente, tá tudo dominado pelo crime. Pelos criminosos profissionais e de ocasião. O que explica isto? Talvez a certeza da impunidade.
Para nós, cidadãos comuns, a sensação é de que somos um país sem leis. Existirem elas existem, mas é como se não existissem. É muito comum vermos notícias sobre prisão de criminosos com extensas fichas, gente condenada que deveria estar na cadeia e que, por conta das "saidinhas", um benefício da lei, está nas ruas, matando, roubando. É muito comum vermos membros de organizações criminosas soltos, ocupando postos importantes na sociedade, enquanto esperam por julgamento, por revisões de condenações.
Enfim, é muito comum assistirmos a lei protegendo o criminoso enquanto o cidadão comum com a violência. Movimentação das "autoridades" mesmo só perto das eleições. Como agora. Câmara e Senado estão lotados de projetos na área de segurança, apresentados pelo Governo, por deputados e senadores. Projetos de tipificação de crimes, projetos de aumento de penas. Vamos criar e mudar leis, sem criarmos condições para sua aplicação. Sem acabarmos com tantos privilégios em nome dos direitos humanos dos criminosos, mais respeitados do que os do cidadão comum.
*Jornalista e diretor-geral da revista Viver Brasil