Os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam uma realidade que deveria causar espanto e reflexão: 14 milhões de brasileiros adultos vivem sem nenhum dente, e outros 34 milhões já perderam 13 ou mais. Esses números não falam apenas sobre saúde bucal. Eles denunciam a desigualdade, a falta de acesso a serviços essenciais e a negligência histórica com a saúde pública no Brasil.
O Dia Nacional da Saúde Bucal, celebrado em 25 de outubro, é um chamado à consciência coletiva sobre um problema que afeta diretamente a qualidade de vida de milhões de pessoas. A ausência de dentes compromete não apenas a estética, mas também funções básicas como mastigação e digestão, impactando a nutrição, o bem-estar e até o sistema imunológico. A boca é o ponto de partida da saúde integral do corpo e ignorar isso é perpetuar doenças que poderiam ser evitadas com prevenção e acompanhamento adequado.
A desigualdade econômica também se reflete no sorriso dos brasileiros. Pesquisas apontam que pessoas com maior renda frequentam o dentista com regularidade, enquanto as camadas mais pobres, muitas vezes, só buscam atendimento em casos de dor ou urgência. O resultado é previsível: tratamentos tardios, perda dentária precoce e consequências emocionais e sociais que vão muito além da aparência.
É urgente ampliar o acesso a atendimentos odontológicos públicos e acessíveis, fortalecer campanhas de prevenção e educação em saúde, e incluir o cuidado bucal nas políticas de atenção básica com a mesma prioridade dada a outras áreas da medicina.