A eleição de Rodrigo Paz Pereira não marca apenas o fim da era da esquerda na Bolívia depois de 20 anos, mas também um processo eleitoral que vem sendo feito nos países da América do Sul.
Durante muito tempo, as nações sul-americanas foram dominadas pela onda da esquerda, principalmente entre os anos de 2010-2020, capitaneados pelo efeito Lula no Brasil. As ideias do bem-estar social e de um progresso social estavam mais em voga e foram difundidas pelos países. Porém, ja na virada para a década de 2020, as coisas começaram a mudar e uma ideia de conservadorismo começou a crescer, com alguns territórios, como o próprio Brasil, migrando para governos mais ao centro e à direita. Hoje, há uma divisão entre as ideologias, mas com algumas peculiaridades a serem vistas em cada nação.
Uma que faz bem esse revezamento, muito em virtude de sua constituição, que não permite reeleição, é o Chile. Desde a saída de Michelle Bachelet a esquerda não tem mais a mesma força no país. Mas ora fica se revezando o poder com a direita, como se a população também não gostasse de um governo ou de outro, querendo mudança constante de domínio político.
Para as próximas eleições, por exemplo, o grande favorito é o centro-direita José Antônio Kast, que já se candidatou à presidência nas eleições de 2017, mas não foi ao segundo turno. Sua principal adversária é a comunista Jeannette Jara, que pode ser a continuidade de um governo de esquerda, mas num caminho um pouco mais radical ao de Gabriel Boric.
De qualquer forma, o Chile tem essa peculiaridade de trocar o governo caso não goste do estilo dele, seja de direita para a esquerda ou da esquerda para a direita. Algo que deixa o país numa dinâmica constante de poder.
Na outra ponta, tem o Peru, que não consegue se equilibrar e vai para mais uma eleição, com nenhum governante conseguindo cumprir nem metade do mandato, por questões de brigas políticas internas ou escândalos de corrupção. O país, que desde a eleição de Ollanta Humalla, em 2011, não vê um presidente cumprindo os cinco anos de forma completa. José Nerí é mais um interino, que fica na cadeira e no comando do país.
Para não deixar de lado, existe a Venezuela. Não se sabe o que tem lá, se uma ditadura ou um governo tecnocrata. De qualquer forma, Nicolas Maduro se perpetua no poder como descendente de Hugo Chavéz, mas acho que o ex-presidente, mesmo vivo, não iria gostar do governo do pupilo. O autoritarismo exacerbado naõ permite uma oposição ou mesmo uma opinião dissonante. A grande prova disso foi o Nobel da Paz a Maria Corina, que virou a voz contra Maduro e contra o poder da esquerda no país.
Se a eleição da Bolívia pode ser um exemplo no que virá ao Brasil em 2026 não se sabe, mas é um parâmetro do que está por vir nessa nova onda da direita na América do Sul, principalmente se Kast vencer no Chile.