O Brasil vive, mais uma vez, o triste reflexo de um sistema judiciário que, ao invés de proporcionar justiça, fortalece a sensação de impunidade. A decisão recente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que absolveu sete réus envolvidos no incêndio do Ninho do Urubu, tragédia que vitimou 10 adolescentes e deixou outros 3 feridos, é uma dolorosa demonstração da falência do Estado em punir aqueles responsáveis por mortes evitáveis.
Em 8 de fevereiro de 2019, o incêndio no Centro de Treinamento do Flamengo, um local improvisado e sem condições mínimas de segurança, se alastrou de forma devastadora. O fogo, que se iniciou em um aparelho de ar-condicionado, encontrou um terreno fértil para sua propagação devido aos materiais altamente inflamáveis presentes nos contêineres que serviam de alojamento. A falta de alvará de funcionamento para o local e a precariedade das condições já eram denúncias claras da negligência dos responsáveis.
O Ministério Público acusou sete réus, entre eles, engenheiros, diretores e funcionários da instituição, de "incêndio culposo" e "lesão grave". No entanto, em uma decisão que mais uma vez desafia a lógica, o juiz Tiago Fernandes de Barros absolveu os acusados, permitindo que a tragédia seja minimizada sob o véu da impunidade.
As vítimas dessa tragédia não são apenas os jovens que perderam a vida, Athila Paixão, Arthur Vinícius, Bernardo Pisetta, Christian Esmério, Gedson Santos, Jorge Eduardo Santos, Pablo Henrique, Rykelmo de Souza, Samuel Thomas Rosa e Vitor Isaías, mas todos os brasileiros que diariamente presenciam a falência das instituições, que deveria garantir que aqueles que cometem erros tão fatais sejam responsabilizados.