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Hábitos ruins que cobram o seu preço

Muito se falou, nos últimos anos, sobre pandemias e suas implicações globais. No entanto, há uma crise silenciosa, contínua e devastadora em curso: a pandemia dos maus hábitos de saúde. Seus efeitos, embora menos visíveis no cotidiano, são letais e onerosos. O Acidente Vascular Cerebral (AVC), popularmente conhecido como derrame, é um dos mais trágicos resultados desse cenário. Hoje, ele figura como uma das principais causas de morte e incapacidade física no Brasil e no mundo, e a maioria dos fatores que o provocam é, infelizmente, evitável.

De acordo com dados da Planisa, especializada em gestão de saúde e custos hospitalares, uma pessoa morre a cada 6,5 minutos em razão do AVC no país. Entre 2019 e setembro de 2024, o sistema de saúde brasileiro registrou 85.839 internações por essa causa, com uma média de 7,9 dias de permanência hospitalar por paciente, totalizando mais de 680 mil diárias. Um quarto dessas internações ocorreu em unidades de terapia intensiva. Os custos acumulados no período ultrapassaram R$ 910 milhões, valores que crescem ano após ano, acompanhando o aumento do número de casos.

A progressão dos gastos hospitalares, que praticamente dobraram entre 2019 e 2023, não é apenas um reflexo da maior incidência da doença, mas um indicativo alarmante da negligência coletiva em relação à prevenção. O AVC está intimamente ligado a condições como hipertensão, diabetes tipo 2, colesterol alto, obesidade, tabagismo, sedentarismo e uso excessivo de álcool, hábitos e escolhas que, em grande parte, podem ser modificados por meio de políticas públicas eficazes, educação em saúde e acesso à atenção básica de qualidade.

Por isso, não se deve culpar apenas a saúde pública pelo avanço dos casos, como também o mundo que estamos vivendo e nos relacionando. O aumento de casos de ansiedade, de crises e de depressão, principalmente neste pós-pandemia, deve muito levar em consideração. Reavaliar como está a alimentação, a rotina de exercícios e o controle dos índices de taxas de glicose, proteínas, sais minerais e outras substâncias essenciais ao corpo humano precisam entrar em questão.

O AVC não é apenas uma falha de sinapse no cérebro, e sim uma falha de sinapse em todo o corpo. Assim, fazer check-up regularmente, cuidar da alimentação, se exercitar constantemente e ter uma saúde mental equilibrada pode fazer com que os números de internações caiam.