No contexto da era digital, onde a informação está a um clique de distância e as tecnologias mais avançadas moldam o cotidiano, é fácil se encantar pela ideia de que elas são a chave para todos os nossos problemas. O historiador e professor Leandro Karnal, em sua palestra no Rec'n'Play, ofereceu uma reflexão poderosa sobre esse encantamento com a tecnologia. Em uma fala repleta de questionamentos pertinentes, Karnal alertou para o equívoco de acreditar que a tecnologia por si só seria a solução para todas as questões mais profundas e complexas.
Em um mundo onde temos acesso instantâneo a qualquer informação, é razoável imaginar que mais recursos poderiam impulsionar nosso potencial criativo e intelectual. Mas, como Karnal provocou, o simples acesso a esse vasto universo de dados tem nos tornado mais capazes? A questão retórica lançada por ele - "não temos mais gênios literários e artísticos do que há 50 anos?" - nos faz refletir sobre o que, de fato, se perdeu na transição do tradicional ao digital. Mesmo com a abundância de ferramentas poderosas, seguimos, como ele bem disse, "como um aluno do século XIX", tendo que sentar e estudar de forma profunda, sem atalhos mágicos.
Karnal é claro: a tecnologia não deve ser vista como uma catapulta que resolve todos os problemas. Ao contrário, ela é uma ferramenta — e apenas isso. Não podemos nos iludir achando que o simples uso de novas tecnologias nos tornará mais inteligentes ou criativos. O que faz a diferença, como ele bem ressalta, é a capacidade humana de aplicar a tecnologia com raciocínio crítico, criatividade e, principalmente, dedicação. A tecnologia só é eficiente se usada por mentes capazes.