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O novo perigo que ronda as meninas

Por muito tempo, alertamos nossas meninas para o que poderiam encontrar nas ruas: estranhos perigosos, situações de risco, lugares onde não deveriam estar sozinhas. Mas os tempos mudaram e o perigo, infelizmente, evoluiu. Hoje, ele pode estar dentro de casa, silencioso, disfarçado, acessível por um clique. O celular, o computador, o tablet também são portas de entrada para ameaças reais e, muitas vezes, invisíveis aos olhos de pais e responsáveis.

A pesquisa "Percepções sobre violência e vulnerabilidade de meninas no Brasil", realizada pelo Instituto QualiBest a pedido da Plan Brasil, traz dados alarmantes: 87% dos brasileiros destacam a violência sexual como o principal tipo de violação sofrida por meninas. Não é apenas o mais lembrado, é também o mais comum, segundo 43% da população. E esse número não representa apenas estatística, representa histórias interrompidas, infâncias violadas e traumas permanentes.

Vivemos a era das múltiplas telas, onde redes sociais, aplicativos e jogos online fazem parte da rotina de crianças e adolescentes desde muito cedo. Mas, junto da conectividade, cresce o risco de exposição ao cyberbullying, ao assédio digital, à pornografia infantil e ao aliciamento por criminosos que se aproveitam do anonimato e da ingenuidade das vítimas. É um terreno fértil para a violência online, um tipo de agressão que pode ser tão ou mais devastadora do que a física.

A internet não é o problema em si, é o uso desregulado, a falta de orientação, o despreparo das famílias, e a ausência de políticas públicas eficazes de proteção digital. Não se trata de vigiar obsessivamente, mas de dialogar, orientar, estabelecer limites e, acima de tudo, estar presente.