Em tempos de avanço científico e acesso crescente à informação, é inaceitável que a hesitação vacinal continue sendo um entrave à saúde pública. O caso da vacinação contra o Papilomavírus Humano (HPV), que pode causar diversos tipos de câncer, expõe com clareza a necessidade de campanhas permanentes, combativas e informativas. O Brasil tem dado sinais promissores: atingimos 82% de cobertura vacinal entre meninas de 9 a 14 anos, superando, com folga, a média global de 12%. Um feito que merece reconhecimento, mas não acomodação.
O desafio, no entanto, ainda é grande, especialmente entre os adolescentes mais velhos, de 15 a 19 anos, que não foram vacinados no período ideal. Em fevereiro de 2025, o Ministério da Saúde lançou uma campanha de resgate vacinal para este público - cerca de 7 milhões de jovens. Mas, até o último levantamento, apenas 106 mil foram vacinados. O número é alarmante e revela um problema profundo: desinformação, complacência e falta de comunicação efetiva com os jovens.
É justamente por isso que campanhas de vacinação precisam ir além da logística. Elas devem ser insistentes, massivas, adaptadas à linguagem de cada público e contínuas. Não basta lançar uma campanha e esperar a adesão espontânea. É preciso bater na tecla, sim, e bater forte: o HPV está relacionado a quase 100% dos casos de câncer de colo do útero, uma das formas mais agressivas da doença. E mais: ele também é responsável por cânceres em homens - pênis, garganta, ânus - além de verrugas genitais. É um vírus democrático na infecção e devastador na consequência.
A vacinação é segura, gratuita, eficaz e agora aplicada em dose única.