Nas últimas semanas, o governo federal, por meio da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), voltou a apertar o cerco contra os cigarros eletrônicos, também conhecidos como dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs). Plataformas digitais como YouTube, Facebook, Instagram e grandes sites de comércio eletrônico receberam ordem para remover, em até 48 horas, qualquer conteúdo que promova ou comercialize esses produtos, cuja venda é proibida no Brasil desde 2009.
Embora a iniciativa sinalize um esforço legítimo do Estado em fazer cumprir a legislação e proteger a saúde pública, é preciso ir além da repressão. A mera proibição, por si só, não é capaz de conter o avanço do uso dos DEFs, especialmente entre os jovens. Os cigarros eletrônicos vêm sendo normalizados em espaços sociais, vistos como alternativas "mais seguras" ou "menos prejudiciais" do que os cigarros convencionais - uma percepção tão equivocada quanto perigosa.
A banalização do vape, do pod, do e-cigarette e similares ocorre justamente pela falta de informação clara e acessível. Com embalagens coloridas, sabores atraentes e forte presença nas redes sociais, esses dispositivos se apresentam de forma sedutora e inofensiva, mascarando os sérios riscos à saúde. Estudos já indicam que os cigarros eletrônicos podem causar dependência, agravar doenças respiratórias, cardiovasculares e até servir de porta de entrada para o tabagismo tradicional. Ou seja, não há nada de "inofensivo" nesse novo hábito.
É necessário investir em campanhas de conscientização que alcancem, sobretudo, o público jovem, principal alvo da indústria dos DEFs.