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Palco a céu aberto

A Esplanada dos Ministérios, em Brasília, é mais do que um conjunto arquitetônico imponente, ela representa o coração pulsante da democracia brasileira. Ali, entre os edifícios dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, desfilam não apenas autoridades, mas também as vozes e os anseios do povo. Nos últimos anos, no entanto, esse espaço tem sido palco de crescentes tensões políticas e sociais que desafiam o equilíbrio institucional do país.

Os recentes eventos na Esplanada, manifestações, confrontos entre grupos antagônicos, e até atos de vandalismo, escancaram uma nação profundamente polarizada. De um lado, há cidadãos que, exercendo seu legítimo direito de protestar, buscam ser ouvidos em meio ao ruído da crise econômica, do desemprego e da insegurança. De outro, surgem movimentos que, por vezes, ultrapassam os limites da convivência democrática, colocando em xeque as instituições e os valores republicanos.

O desafio atual não está apenas na mediação entre protesto e ordem, mas em garantir que a Esplanada continue sendo espaço de expressão livre e pacífica, sem se tornar palco de radicalismos. A presença reforçada das forças de segurança, o bloqueio de vias e a montagem de estruturas para impedir confrontos viraram rotina. Mas a verdadeira proteção da democracia não está nas barreiras físicas, e sim no respeito mútuo e na escuta ativa.

O Brasil precisa resgatar o valor do diálogo. A Esplanada dos Ministérios não pode ser vista como território de disputa violenta, mas como símbolo da pluralidade que define nossa sociedade. Que os próximos atos que ali se realizem não ecoem gritos de intolerância, mas a esperança de um país que busca, com coragem e equilíbrio, superar seus conflitos e construir consensos. O futuro da democracia brasileira também se desenha no chão da Esplanada. Que ele seja firme, mas jamais rachado pelo ódio.