Ronda no PT e no governo a suspeita de que o Supremo Tribunal Federal tenha caído em uma armadilha montada pelo ex-presidente Bolsonaro.
A coluna encontrou um desses petistas, o deputado Paulo Pimenta (RS), que foi ministro da Comunicação do governo Lula até janeiro deste ano. Ele diz que Bolsonaro queria ser preso:
"Bolsonaro forçou a prisão, agiu de forma deliberada para que essa prisão acontecesse", disse.
E quais teriam sido os motivos para o ex-presidente da República querer ser preso? Pimenta dá duas razões. A primeira delas seria a proximidade de sua condenação no processo em que será julgado por tentativa de golpe de Estado, entre outros crimes.
"Bolsonaro sabe que as provas contra ele são robustas. Os depoimentos confirmaram o que a Polícia Federal e o Ministério Público já tinham apurado: que ele é comprovadamente o líder de uma organização criminosa. E que essa organização promoveu o conjunto de iniciativas para desacreditar as urnas eletrônicas; o financiamento dos acampamentos em frente aos quartéis; e os atos preparatórios que culminaram no Oito de Janeiro de 2023."
Vale lembrar que esse foi o dia da invasão e depredação, por uma multidão bolsonarista, das sedes dos Três Poderes em Brasília. Segundo o procurador-geral da República, Paulo Gonet, o quebra-quebra foi resultado da trama golpista urdida por Bolsonaro e seus seguidores.
"Bolsonaro sabe que está comprovado no processo que toda a engrenagem foi pensada, financiada e coordenada por ele, seus generais e outras pessoas em torno. Mas ele precisa manter a sua base radicalizada e aquecida. Aquelas pessoas que foram para a frente dos quartéis, acreditando que as urnas eletrônicas não são suficientemente seguras", argumenta Pimenta.
Segundo ele, a prisão preventiva foi provocada como parte da estratégia de vender que Bolsonaro é um perseguido, preso porque não tem liberdade de expressão.
Pimenta diz que o segundo motivo de Bolsonaro buscar a prisão está nos EUA.
"Todos acompanhamos as manifestações do Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos. Ele não escondeu de ninguém que o objetivo da família Bolsonaro é dificultar todas as tentativas de negociação entre o governo brasileiro e o governo Donald Trump e entre empresários. O objetivo é prejudicar as negociações que, nos últimos dias, vinham avançando. Nós estamos às vésperas da entrada em vigor das tarifas. Setecentos produtos foram tirados da lista. E ainda temos expectativa de que novas negociações vão ter êxito. O Bolsonaro sabia que a prisão dele, nesse momento, pode prejudicar o diálogo."
Para Pimenta, até mesmo a participação de Bolsonaro na manifestação do domingo, 3, por meio de uma transmissão de vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) foi pensada para que o STF não tivesse e outra saída que não fosse determinar sua prisão.
Mas Pimenta acredita que, apesar disso, Bolsonaro não terá sucesso:
"Não vai alterar o ritmo e o andamento das coisas. Ele será julgado, vai cumprir pena. E a democracia brasileira vai sair desse processo fortalecida. E nós vamos encontrar alternativas de negociação aos Estados Unidos com abertura de outros mercados. O Brasil sairá desse processo mais forte", diz, otimista.
Ficou a pergunta: então o STF agiu à revelia do interesse do governo?
E o ex-ministro respondeu enigmático: "Nós não mandamos no STF."
