A manhã desta segunda-feira trouxe uma notícia histórica e comovente para este início de semana: o Brasil saiu, oficialmente, do Mapa da Fome. Após anos de retrocessos e dificuldades agravadas por crises econômicas, sanitárias e sociais, o país volta a ser reconhecido internacionalmente por conseguir garantir, de forma consistente, o direito mais básico de todos: o de se alimentar com dignidade sua população.
Durante muito tempo, abrimos a semana acompanhando nas redes sociais um cenário marcado por tragédias: operações policiais violentas, acidentes fatais, conflitos urbanos, desastres ambientais. Mas neste começo de semana, o Brasil teve um cenário de esperança e de comemoração. O tom mudou. As redes foram tomadas pelo orgulho de tal informação. Publicações celebrando a conquista invadiram os perfis dos brasileiros — da periferia ao centro, da zona rural às capitais. Influenciadores, jornalistas, trabalhadores, artistas e cidadãos comuns expressaram a alegria de ver o país sair de uma das listas mais cruéis que existem.
A fome, afinal, é uma ferida silenciosa. Não grita, não faz alarde. Mas destrói vidas, sonhos e futuros. Saber que o Brasil conseguiu reduzir drasticamente o número de pessoas em situação de subnutrição grave é mais do que uma estatística: é um resgate da nossa dignidade coletiva.
Mais do que números, essa conquista representa rostos: mães que conseguem garantir a refeição dos filhos, crianças com energia para aprender, idosos que voltam a comer sem precisar escolher entre alimento e remédio. Representa dignidade na mesa, esperança no prato e humanidade no trato com os mais vulneráveis.
É preciso comemorar, sim. E muito. Porque o Brasil já havia vencido essa batalha no passado e, infelizmente, recuou. Ver o país reconquistar esse espaço é uma reafirmação de que, com vontade política, planejamento e compromisso social, é possível combater a fome com eficácia.
Mas este editorial também é um lembrete: manter-se fora do Mapa da Fome exige vigilância constante. Não podemos permitir que a negligência ou a omissão nos empurrem novamente para a sombra da insegurança alimentar. Alimentar um povo é alimentar um país inteiro de futuro, e isso é uma obrigação das nossas autoridades.
Que essa segunda-feira seja lembrada como o início de uma nova fase. Um Brasil onde a fome não seja mais pauta de emergência, mas memória superada.