O Brasil dá mais um passo rumo à digitalização dos serviços públicos com a implementação da biometria como requisito para acesso a benefícios sociais. A medida, prevista em lei e regulamentada pelo governo federal nesta semana, busca mais segurança e agilidade no atendimento à população vulnerável. No entanto, esse avanço precisa ser acompanhado de algo ainda mais fundamental: educação digital e preparação da sociedade.
Não se pode negar a importância da nova Carteira de Identidade Nacional (CIN) e da governança de dados para modernizar a gestão pública. A integração biométrica promete eliminar fraudes, garantir o uso correto dos recursos e oferecer maior comodidade ao cidadão. Mas é preciso olhar para além da tecnologia. Grande parte da população brasileira ainda enfrenta dificuldades básicas de acesso à internet, à informação e até mesmo ao entendimento das mudanças que estão em curso.
A parceria com a Caixa Econômica Federal, que levará a coleta biométrica às regiões mais remotas, é um acerto do governo. Mas não basta oferecer a estrutura física para realizar o cadastro. É necessário garantir que as pessoas saibam o que está acontecendo, por que estão sendo convocadas e como isso impacta sua vida. A comunicação clara e o suporte educativo precisam caminhar juntos com qualquer inovação desse porte.
O país tem um histórico de desigualdade tecnológica. A transformação digital, embora positiva, pode aprofundar essa distância se não houver um plano consistente de inclusão. Exigir biometria para manter benefícios sem garantir que todos entendam como realizar esse processo é correr o risco de deixar para trás justamente quem mais precisa.