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Tarifaço ianque põe Embraer em 'voo cego'

Sinônimo inquestionável de competitividade mundial, a fabricante de aeronaves Embraer, cuja trajetória de sucesso ingressou em um ciclo de turbulência, com destino incerto, tudo por conta do tarifaço de 50% anunciado, há poucos dias, pelo presidente dos EUA, Donald Trump, deverá impor um custo adicional de R$ 20 bilhões à produção da companhia tupiniquim, ou cerca de R$ 50 milhões por avião exportado à pátria estadunidense, até 2030.

Ao classificar de 'quase embargo' a medida ianque, o presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto confessa: "Não teria como remanejar essas vendas", em referência à complexidade tecnológica que envolve a negociação de um eventual novo mercado, cuja conquista demandaria anos para se concretizar.

Sem esconder o ceticismo, diante da mudança brusca de 'rumo', Gomes Neto admitiu que seu negócio foi atingido de maneira 'particularmente difícil' pela ameaça do republicano, uma vez que os Estados Unidos são um 'destino importante dos aviões da Embraer, que ficaria 'sem alternativa' para 'contornar' o tarifaço, sem que isso implicasse 'perdas relevantes de receita'.

Outras sequelas 'incontornáveis', prossegue o executivo, seriam cancelamentos ou suspensões de pedidos, além de queda firme de receitas, revisão de plano de produção, redução de investimentos e um provável corte no quadro de funcionários (não só no Brasil, mas igualmente nos EUA), em magnitude similar ao ocorrido durante o período da pandemia da Covid-19 - quando as dispensas atingiram 20% de seu pessoal, reeditando uma situação de 'perde-perde'.

Entre as 'vítimas' de sua linha de produtos, Gomes Neto já adianta: "O jato E1 fica inviabilizado". No plano geral, porém, ele entende que seria necessário avaliar 'caso a caso'. Se o tarifaço persistir, ele entende que "não haveria outra alternativa, a não ser desacelerar a produção".

Otimista, Gomes Neto está 'esperançoso' de que o Planalto seja eficiente na costura de um acordo com Washington na questão tarifária, ao fazer referência ao entendimento recente firmado entre os EUA e o Reino Unido, que culminou com a zeragem da alíquota de importação no setor aeroespacial.